Galo para o leão. Rodrigo travou o Sporting na Mata Real com um pontapé fulminante à entrada do último quarto-de-hora (1-1). Castigo pesado para a equipa de Marco Silva que, escreva-se em abono da verdade, foi superior ao adversário durante largos períodos.

O Paços de Ferreira, premiado pela reação na ousadia na etapa complementar, repetiu assim o resultado do Estádio de Alvalade e travou um ciclo de três vitórias consecutivas do adversário. O Sporting perde balanço antes da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, frente ao Nacional da Madeira.

A formação lisboeta deve enfim queixar-se de si mesmo e de uma dose tremenda de desperdício. Tobias Figueiredo, Carrilo, João Mário e Ewerton, entre outros, falharam oportunidades flagrantes.

Sporting nas asas de Nani e Carrillo

Marco Silva manteve-se fiel ao seu desenho e trocou com naturalidade os intérpretes. Sem Paulo Oliveira e Adrien, devido a castigo, o treinador do Sporting concedeu a titularidade a Tobias Figueiredo e André Martins.

O Sporting foi, na primeira hora de jogo, uma equipa bem alicerçada no talento individual dos seus jogadores. Começando por Nani, naturalmente, mas passando e muito por André Carrillo, serpenteando vezes sem conta em torno de Hélder Lopes.

Do outro lado esteve um Paços de Ferreira com a postura habitual, a atitude positiva e descomplexada. Paulo Fonseca não abdicou de duas unidades ofensivas e um setor intermediário voltado para a frente. Uma estratégia de risco, como se viria a provar.

Percebeu-se desde cedo que o Sporting estava a conquistar demasiados espaços nas laterais, sem capacidade de reação da equipa local.

Slimani balançou as redes contrárias ao sétimo minuto de jogo mas o golo foi anulado por fora-de-jogo, bem tirado ao avançado. O argelino, de qualquer forma, viria a festejar ainda na primeira parte.

Tobias Figueiredo desperdiçou uma oportunidade clara e, quando o Paços esboçava uma resposta à altura, os leões chegaram friamente à vantagem.

Perda de bola de Sérgio Oliveira, queixando-se de uma carga, e Nani a receber na direita. Boa fuga a Fábio Cardoso antes de um cruzamento rasteiro, bem pensado, para o espaço onde surgiu Slimani. Décimo golo do argelino na Liga.

Paços a abrir caminho para o segundo

Nani esquecia assim o cartão amarelo visto minutos antes, por falta sobre Rodrigo Galo. A cartolina deixa o extremo de fora na próxima jornada do campeonato.

Não parecia haver do outro lado capacidade para inverter o rumo do encontro. Vasco Rocha e Bruno Moreira caíam na rede defensiva dos leões, Ruben Pinto não conseguia acompanhar Seri na dura batalha do setor intermediário e os laterais sabiam que cada investida ofensiva deixaria espaço para Carrillo e Nani nas costas.

Notava-se para além disso uma falta de agressividade na disputa de bola, fazendo com que grande parte dos ressaltos fossem para o lado leonino. Mérito de um Sporting com processos bem definidos e maturidade competitiva.

A vantagem ajustava-se e o 0-2 esteve perto de aparecer com uma hora de jogo. Primeiro por João Mário, a passe de Slimani, e logo depois por Carrillo, após boa jogada de Nani.

A resposta de Paulo Fonseca no pé direito de Galo

Paulo Fonseca sentia a necessidade de passar uma mensagem para a sua equipa e o Paços cresceu com as entradas de Hurtado e Minhoca. O Sporting falhara oportunidades para encerrar a questão e os castores partiam o jogo em busca do empate.

Ele chegaria sem uma sensação clara de justiça.

Hara-kiri de João Mário, após ocasião desperdiçada, com um passe arriscado que levou a bola ao peito de Rodrigo Galo. Minuto 74. O lateral aproveitou a via aberta e encheu o pé. De fora da área, com Ewerton a tapar parte da visão de Patrício, Galo desferiu um remate portentoso, daqueles que levam selo de golo e de pontos.

O Sporting pagou alto preço pelo bilhete. Marco Silva respondeu com Fredy Montero e Carlos Mané, procurando revitalizar uma equipa com a noção clara do desperdício anterior. Nem Ewerton e Tobias, em lances aéreos, conseguiram desatar o nó. O Paços segurou o ponto.