Rúben Amorim anunciou o final da carreira a 4 de abril após rescindir o contrato do Benfica e, em entrevista ao programa Maluco Beleza, de Rui Unas, falou sobre a falta de liberdade dos jogadores.

«Se ainda fosse jogador quase de certeza que não estaria aqui porque nós não temos muita liberdade de expressão. Por isso é que as pessoas dizem: 'Estes gajos dizem sempre a mesma coisa...'», começou por afirmar o antigo médio.

O jogador, que estará no programa Maisfutebol na TVI24 na próxima sexta-feira à noite, deu o exemplo: «Basta dizer que o campeonato espanhol é um bom campeonato. Se for um jogador top vão usar isso. Se seguires o Facebook de um clube, dizem logo que estás a investigar e a tratar da mudança para esse clube.»

E o porquê de não falarem mais?: «Tens quatro jornais, tens agora os blogs, tens Facebook e tudo o que dizes pode ser usado contra ti ou contra o clube. Há decretos do clube em que és multado se não seguires essas regras de imprensa e exposição. Depois pensam que os jogadores são limitados, eles têm é que dizer sempre a mesma coisa: 'Foi um bom jogo', 'A equipa é que conta'

«Às vezes temos outra opinião, mas não podemos e acho que fazemos bem porque pode complicar a vida do clube», sentenciou.

A conversa descontraída com o apresentador levou-os às origens do futebol e à ingenuidade que Rúben tinha como adepto do Benfica.

«Começamos a perder o que realmente é importante no futebol. Há bons jogadores, talentos, bons estádios. Eu lembro-me quando era pequeno pedia sempre uma prenda que era ver o Benfica no estádio, os meus pais já tinham essa cultura e eu e o meu irmão ficámos fanáticos pelo Benfica. Só que quando passas muito tempo dentro do futebol perdes a paixão de adepto, aquela ingenuidade. Consegues perceber que há muita coisa para além das quatro linhas. Vês que há muitos jogos de interesse.»

E o desabafo depois de Rui Unas dizer que não percebe mesmo nada de futebol: «Há muita gente que não jogou futebol e que percebe muito, mas há muita gente que está no mundo do futebol e não percebe nada. Cada vez mais.»

O golo mais importante foi marcado a... Nuno Espírito Santo

Em toda a carreira, Rúben Amorim marcou 18 golos, divididos entre Benfica (6), Belenenses (5), Sp. Braga (5) e Al-Wakrah (2).

Questionado sobre o mais importante falou em dois: «Marquei pelo Belenenses ao Vitória de Guimarães, foi o primeiro da carreira e até fiquei meio aparvalhado.»

E depois: «O mais importante foi na final da Taça da Liga, um que marquei ao Nuno. Ele teve um lance infeliz, num remate fácil, e esse foi numa altura importante para mim, tinha tido uns problemas. Foi numa final e foi contra o FC Porto. Não sou anti-FC Porto nem anti-Sporting, sou no Benfica, mas marcar numa final contra o FC Porto foi emblemático.»