O FC Echichens tem o piloto mais famoso do mundo nas fileiras, mas está longe de ser uma potência do futebol. É, aliás, um clube muito discreto do terceiro escalão helvético. Não fosse Michael Schumacher e esta reportagem nunca teria acontecido. O emblema suíço, porém, não retirou grandes benefícios desta relação e mantém a sua essência original: «um clube de amigos, para amigos», resume ao Maisfutebol o presidente Serge Jaunin.
Paulo Vaz: um lusitano ao lado de Schumacher
«Acredito que seja difícil acreditar, mas para nós o Michael é apenas mais um. As pessoas desta região estão habituadas a conviver com os grandes ícones da música, do cinema e do desporto. Muitos deles vivem por aqui, por isso não olhamos para eles como ídolos», declara o dirigente.
Nós, portugueses, temos de estranhar. Imaginemos: um domingo de futebol, um jogo de um campeonato secundário e uma estrela da dimensão de Michael Schumacher no relvado/pelado. Como reagiriam os adeptos?
«Olhe, posso garantir que o nosso estádio continua a ter poucas pessoas nas bancadas, como sempre teve. Praticamente vazio. O Michael jogou nos seniores, passou para os veteranos e tudo está igual. Não há uma excitação anormal. Em alguns jogos, fora de casa, tiram umas fotografias com ele e não passa disso.»
Michael no país das maravilhas
A Suíça é um oásis de perfeição. Pelo menos esta zona da Suíça, onde se encontra o FC Echichens. O dia-a-dia passa devagar, as pessoas são «cultas, respeitadoras e socialmente responsáveis», descreve Paulo Vaz, antigo colega de equipa de Michael Schumacher no FC Echichens. «É um país maravilhoso e por isso o Michael e outros estrangeiros escolheram viver aqui.»
Paulo Vaz jogou três épocas nos seniores do FC Echichens e está agora dividido entre cinco clubes. «São instituições muito pequenas e os treinadores das camadas jovens são nomeados pela federação. Por isso divido o meu trabalho por tantos clubes. O FC Echichens é um deles.»
Apesar da evidente humildade, este emblema movimenta 14 equipas (dos oito aos 80 anos, literalmente) e tenta, a pouco e pouco, ganhar um lugar especial no futebol da Suíça. Para já, pode gabar-se de tratar Michael Schumacher como tratou Paulo Vaz e trata outros.
Em Portugal, não é difícil adivinhar, isso não seria possível.