O mercado de transferências não é um campeonato. É por isso que termina a 31 de agosto e nunca é pacífico descobrir o vencedor. Talvez porque não sendo um campeonato não exista de facto quem tirunfe.

É nisso que acredito: o mercado fecha a 31 de agosto mas os seus efeitos prolongam-se por diversos momentos da época: os jogos, os títulos, os relatórios e contas e a preparação do mercado que se segue. É por isso que resisto a dizer que um clube esteve melhor do que outro. Prefiro uma análise a cada um dos grandes.

F.C. Porto

Desportivamente não há dúvidas: resistiu. Trocou um ponta-de-lança (Janko por Jackson) por outro e parece que ficou a ganhar. Cedeu um lateral esquerdo que já não desejava e para o qual já tinha substituto. Manteve todos os titulares, mais velhos, mais rodados. Não resolveu o processo Rolando, mas pode ser que o tempo o faça. Nenhuma dúvida, está mais forte. A grande questão é saber se essa força do plantel terá suporte nas contas da SAD ou se, pelo contrário, não será obrigado a vender muito mais, mais à frente, por pior preço. Além de outros problemas colaterais.

Benfica

Perdeu o centro da equipa, no último dia. Isso, só por si, seria suficiente para concluir o óbvio: está mais fraco. Claro que agora o treinador até fala na equipa B e o próprio Javi Garcia procura dar ânimo a Matic, o único sucessor natural. Pode ser que sim, que a solução esteja no plantel. Mas será sempre diferente. Na Luz não há outro como Javi, um líder que intimidava os adversários e até fazia golos. Também não chegou um lateral esquerdo e Melgarejo inspira mais dúvidas do que certezas. Um olhar simplista deteta dois pontos fracos. Se Jorge Jesus provar que estamos errados, o clube terá feito um grande negócio. Por outro lado, o Benfica vendeu bem. Javi tinha justificado os sete milhões com muitas vitórias, um título, Liga dos Campeões e Liga Europa. Os vinte milhões são um lucro excelente. O equilíbrio das contas poderá ser essencial mais à frente. Lima é um avançado feito, que pode render muitos golos e boa pressão sobre Cardozo. E nem foi caro. Não fica a perder com a saída de Saviola. Não se percebe é o que pretende para Nelson Oliveira.

Sporting

Sá Pinto viu chegar o dia 31 de Agosto sem que uma boa alternativa a Wolfswinkel aparecesse. O Sporting dispensou Wilson Eduardo, o que é estranho. Tem Rubio a rodar na equipa B e muita fé num miúdo, Viola. Parece curto. Vendeu bem João Pereira (o mesmo preço de Maicon, o do Inter), apostou em Cedric e sobre a linha resolveu alguns problemas complicados: Onyewu, Bojinov e Sinama-Pongolle, por exemplo. Ficou com plantel escasso na frente, mas há muita gente entusiasmada, pelo que o problema poderá ser nosso.

Sp. Braga

A perda de Lima é significativa: era o melhor marcador. Este ano nem por isso, mas na época passada o ponta-de-lança resolveu muitos problemas. Com Peseiro a equipa parece depender menos de um avançado rápido e de remate fácil. Talvez faça sentido um outro tipo de futebolista. E há por lá diversas opções. O dinheiro que entra, somado ao que chega da Liga dos Campeões, garante que o Sp. Braga terá vida tranquila nos próximos tempos. Poderá manter a aposta em bons futebolistas portugueses, reforçar-se com critério. A chegada de Rúben Micael foi a grande notícia.

Daqui por uns meses poderemos falar sobre mercado, sobre os reais efeitos das decisões de agosto. Caso não aguente tanto tempo, caro leitor, faça o favor de deixar a sua opinião na sondagem nesta página.