* Enviado-especial ao Brasil

Tinha passado mais de uma hora sobre o final do jogo, e Gelson Fernandes ainda não sabia bem o que dizer. De um lado a perda de bola que originou a arrancada de Messi e o golo de Di María. Do outro, a inacreditável carambola, da cabeça de Dzemaili ao poste, deste para a canela e para fora de campo. Entrado a meio da segunda parte, para ajudar a equilibrar o défice a meio-campo, o antigo médio do Sporting tinha dificuldade em exprimir a deceção – embora o tenha tentado em quatro línguas, incluindo o português: «O que é que se pode dizer sobre um lance daqueles?! Se aquela última bola tivesse entrado talvez pudéssemos ter feito história. Estou muito triste pela equipa e pelos meus companheiros. Mostrámos que somos uma boa equipa, que é capaz de jogar bom futebol. Foi por muito pouco, e quando é assim custa mais. Faltou-nos um pouco de sorte e um pouco de experiência», lamentou.

O médio não se esqueceu de deixar uma palavra especial para Ottmar Hitzfeld, o técnico que encerrou a carreira nesta terça-feira, no mesmo dia em que ficou a saber da morte do irmão: «Ele foi impressionante! Deu-nos força a todos, conseguiu fazer-nos acreditar que era possível, e hoje, em circunstâncias difíceis, foi um líder fantástico durante todo o jogo. Mais do que um grande treinador é um grande homem», resumiu.

Depois, respondendo a uma pergunta do Maisfutebol, aceitou comentar o contraste entre o fiasco da sua passagem pelo futebol português, no Sporting, e a capacidade de jogar a mais alto nível, com a Argentina, como há quatro anos, na vitória sobre a Espanha: «Não olho para a experiência em Portugal como um falhanço, sai de lá porque a minha mãe estava doente e pediu-me para regressar à Suíça. Gostava muito do Sporting, e tenho pena que a temporada não tenha sido melhor, porque na verdade não joguei muitas vezes. Seja como for, este nosso desempenho prova que os jogadores suíços têm nível para desafios muito exigentes. Provámos que somos capazes de bater-nos com as melhores equipas, e os nossos jogadores atuam quase todos em campeonatos de topo, como a série A e a Bundesliga», concluiu.