Numa Naval cada vez mais surpreendente há um jogador que começa a assumir papel determinante, por força dos seus remates certeiros. O colectivo está bem e recomenda-se, tornando mais fácil a algumas das suas unidades brilhar a grande altura, como acontece com Nei. O avançado brasileiro apontou esta segunda-feira o seu quinto golo na Liga e assumiu a liderança dos melhores marcadores cá do burgo, em parceria com Ronny. Por ironia, voltou a marcar ao Sp. Braga, depois de, há duas épocas, ao serviço do Moreirense, ter apontado precisamente à mesma equipa, aquele que foi o melhor golo da sua carreira, num «chapéu» monumental a Paulo Santos a¿ 50 metros da baliza.
Nei confessa que não esperava ver-se envolvido tão cedo numa contenda na qual só cabem os mais exímios finalizadores do campeonato, normalmente dos «grandes», mas quer aproveitar ao máximo aquilo que lhe está acontecer. «Posso até ser o melhor no final, quem sabe? Se continuar a fazer um trabalho sério, tudo é possível. Marcar golos é muito gostoso, quero mais! Mas também sou realista e tenho as minhas metas. Primeiro, quero atingir a barreira dos 10 golos. Pelos cinco que já levou em sete jornadas, acredito que irei conseguir e, depois, tudo o que vier a mais será óptimo. Ser o melhor marcador da equipa, por exemplo, já me deixaria bastante contente», admite, ao Maisfutebol, o ponta-de-lança da Naval, que já ultrapassou o seu recorde de golos no primeiro escalão (4), alcançado há duas épocas, ao serviço do Moreirense.
Ponta-de-lança descoberto por José Gomes
Para quem joga numa posição mais adiantada, o convívio com os golos surge naturalmente. «Pela lugar que ocupo, tenho mais responsabilidades», admite Nei, que, pasme-se, começou por jogar como extremo-direito até descobrir a verdadeira vocação: «Era extremo-direito, mas foi o mister José Gomes que me colocou como ponta-de-lança, na Ovarense. Depois, o Jorge Jesus fez o mesmo quando já estava no Moreirense.»
O camisola 9 navalense sabe que o sucesso da sua equipa e, por arrasto, o seu, poderá ser efémero. Mas prefere ser rei por um dia do que príncipe a vida inteira. «Sei que não será fácil, porque não estou num grande, daqueles que marcam sempre muitos golos. Enquanto as oportunidades forem surgindo, vou continuar a fazer aquilo que sei. Há que aproveitar agora», afiança, ao mesmo tempo perspectiva uma segunda volta tranquila para as suas cores, graças aos pontos amealhados até agora.
Do eventual «salto» para um emblema com outras aspirações é que não quer nem ouvir falar: «A minha cabeça está unicamente concentrada na Naval!»