Costuma-se dizer que um avançado, para exercer convenientemente a sua função, tem de ser egoísta. Mas há quem contrarie essa máxima, como é o caso do actual terceiro melhor marcador da Liga (oito golos), o navalista Nei. Afastado dos golos desde 14 de Janeiro, o ponta-de-lança brasileiro voltou a reencontrar-se com o seu instinto no último domingo, ao marcar duas vezes ao Beira Mar, frente ao qual já tinha «bisado» na primeira volta. Contas feitas, o «matador» da Figueira conseguiu metade do seu pecúlio pessoal esta época frente aos aveirenses. «Coincidências e sorte», explica o jogador.
«Calhou. Não tenho qualquer predilecção especial pela baliza do Beira Mar. O jogo correu-me bem e, graças a Deus, consegui marcar», afirma de forma pragmática o abono de família dos figueirenses (pertence-lhe quase metade dos golos da equipa), que, mais uma coincidência, já não ganhavam precisamente desde a última fez que Nei festejou um remate certeiro. Mais: sempre que marcou, apenas por uma vez, frente ao Sp. Braga (1-1), a Naval não ganhou. «Não me considero um talismã por isso. Todos nós queremos vencer, mas, às vezes, não conseguimos, mesmo se jogamos bem. Felizmente, voltámos aos bons resultados. Se marquei foi porque tive a ajuda dos meus colegas. Sem os outros não sou ninguém», admite.
Durante o jejum que lá vai (cinco jogos), o avançado garante que nunca perdeu a calma. «Não fiquei preocupado. Estava a trabalhar com afinco e sabia que os golos haveriam de chegar mais cedo ou mais tarde. Se marco ou não, é um pormenor secundário. O importante é a equipa estar bem e poder ajudar-me, assim como eu faço tudo para a ajudar», afiança.
Chegar aos 10 golos
Com o «bis» apontado ao Beira Mar, Nei ficou a apenas um golo dos comandantes da lista de melhores marcadores, Simão e Hélder Postiga, e reconhece que pode lutar pelo topo, apesar de não estar ao serviço de um candidato ao titulo. «Já pensei nisso, mas estou mais concentrado naquilo que podemos fazer enquanto equipa. Estou tranquilo. O campeonato está muito equilibrado. Se fosse noutra época, o Liedson já teria 10 de avanço. Vamos ver. Com um pouco mais de esforço e sorte, pode ser que chegue lá. Pelo menos, estou no caminho certo», admite.
Para já, Nei quer ultrapassar o primeiro objectivo que colocou no início da época, chegar aos 10 golos. «Depois, pode ser que supere a minha melhor marca em Portugal, 12 golos [época 2003/04, pela Ovarense, na Liga de Honra]», concluiu.