Carlos Mendes, 33 anos, é uma referência no futebol de Nova Iorque. Antigo capitão dos Red Bulls na Major League Soccer, este filho de emigrantes portugueses usa agora a braçadeira do Cosmos, a nova versão de um clube que teve craques como Pelé e Franz Beckenbauer.

Na véspera do decisivo embate entre Portugal e Estados Unidos da América, no Campeonato do Mundo de 2014, quisemos avaliar os índices de confiança no lado contrário, após uma pesada derrota da Seleção Nacional frente à Alemanha e um triunfo americano perante o Gana.

«Sente-se de facto que as pessoas aqui estão mais confiantes depois do primeiro jogo. Acreditam mesmo que podem vencer e garantir o apuramento para a próxima fase. Mas eu, que acompanho a seleção portuguesa, sei que ela não é aquilo que mostrou frente à Alemanha.»

Nascido em Mineola, Nova Iorque, Carlos Mendes continua a manter uma ligação forte a Portugal.

«O meu pai é de Igreja Nova, em Barcelos, e a minha mãe de Aveiro. Aliás, continuamos a ter muita família aí e, sempre que posso, gosto de ir a Portugal, um país lindo. Por isso, mesmo tendo nascido nos Estados Unidos, claro que vou estar dividido no domingo.»

O defesa não teve a oportunidade de assistir ao vivo aos jogos de preparação da Seleção Nacional nos Estados Unidos, já que a sua temporada está a decorrer, mas sabe tudo com a equipa de Paulo Bento. Carlos Mendes admite ao Maisfutebol que não esperava uma derrota tão pesada frente à Alemanha.

«Foi um jogo muito difícil para Portugal, não jogaram bem e ainda por cima surgiu a expulsão. Sinceramente, esperava mais de Portugal, desiludiu-me. Quem conhece a seleção percebe que pode dar mais, mesmo sabendo que defrontou uma Alemanha muito forte e que o cartão vermelho ao Pepe também complicou.»

«Talvez a vitória seja mais importante para os EUA»

Face a este cenário, tendo em conta os problemas físicos na equipa das Quinas, o favoritismo passou para o lado americano?

«Acho que está equilibrado. Os Estados Unidos têm uma seleção jovem mas com mentalidade forte, com grande confiança. Já Portugal, tem Pepe castigado, Coentrão lesionado, Ronaldo limitado, parece estar mais frágil mas há talento no grupo que não pode ser desvalorizado. Vai ser um jogo excitante e a parte física será muito importante. Nesse aspeto, os Estados Unidos parecem estar melhor.»


Nos Estados Unidos da América, a baixa é Jozy Altidore. Carlos Mendes lamenta a lesão do seu antigo companheiro de equipa nos NY Red Bulls. De qualquer forma, acredita na capacidade da seleção norte-americana.

«Não sei por quem vou torcer, o cenário ideal era que passassem Portugal e EUA. Mas talvez a vitória seja mais importante para os Estados Unidos, o soccer está a crescer aqui e precisamos de um bom Mundial para ajudar. Até o meu pai, que nasceu em Portugal mas veio para cá há muitos anos tem consciência disso e, por esse lado, também apoia os EUA.»

Por agora, o defesa luso-americano pensa no New York Cosmos. O clube dos galácticos originais está de volta. Curiosamente, na existência anterior, o Cosmos chegou a jogar em Manaus, cidade que vai acolher o encontro de domingo. Imagina Carlos Alberto Torres, Beckenbauer e o português Seninho naquele ambiente, em 1980? Leia aqui.