Imagine um miúdo transmontano, de 20 anos, a ter de enfrentar novos desafios em poucos meses, primeiro em Madrid, depois no outro lado do mundo, em Yokohama, no Japão. Em qualquer situação será sempre complicado, mas no futebol ainda mais, até porque está em jogo muito dinheiro e o tempo de adaptação é necessariamente curto. O sucesso é praticamente impossível de atingir e a desilusão adensa-se.
Assim aconteceu com Marco Ferreira, jogador do F.C. Porto que terá vivido o melhor momento da sua carreira quando esteve envolvido na jogada que daria o golo da vitória à equipa, na época passada, em Sevilha. A conquista da Taça UEFA surgiu como uma recompensa para o extremo de 26 anos, até porque a afirmação na zona das Antas nunca foi total.
Filho de Bragança, Marco cedo mostrou que teria valor para vingar para lá dos montes. Revelou-se no Vimioso, jogou no Tirsense e motivou a cobiça do Atlético de Madrid. Tentou seguir as pisadas de Paulo Futre, mas acabou por cumprir poucos jogos na equipa B, pelo que, em 98, com a saída de Futre para o Japão acabou por surgir a oportunidade de jogar ao lado do ídolo, no Yokohama Flugels. A experiência num campeonato diferente foi considerada interessante, até porque partilhou momentos com grandes estrelas, como o brasileiro César Sampaio.
O valor era indesmentível, mas a juventude não serviu para convencer os responsáveis do clube, pelo que Marco Ferreira acabou por ficar apenas três meses no Japão, transportando na bagagem a vontade de vingar em Portugal. Apesar de lhe ter sido oferecido um contrato para permanecer em terras nipónicas, optou por aceitar o repto lançado pelo Paços de Ferreira, que era treinado pelo seu primo em segundo grau, Eurico Gomes. A passagem pelo Japão impressionou o português, que achou tudo aquilo demasiado pequeno e, pelo menos no que diz respeito ao futebol, pouco organizado.