A primeira palavra comummente associada às Ilhas Maurícias é turismo. Praias de areia branca, férias e outras ideias vêm logo a seguir, para se perderem no oceano Índico. Mas e futebol? Também há futebol no arquipélago? Pelos vistos, sim. A prova está na equipa que disputa actualmente o apuramento para a CAN 2012 e o termo certo é mesmo disputa porque as esperanças deste pequeno país, colonizado por franceses, holandeses e ingleses, ficam-se só por ai.

A selecção conta apenas com um jogador profissional, aquisição recente, alguém que perspectivou uma carreira ao serviço das cores da França - foi internacional até aos sub-21 - mas decidiu, graças à dupla-nacionalidade, representar, aos 25 anos, o país dos pais, com o qual sempre teve forte ligação. Falamos de Jonathan Bru, médio «descoberto» pela Académica na época passada que representa actualmente a Oliveirense, da Liga de Honra.

«Somos uma pequena nação, precisamos de aprender e crescer. Neste momento, sou o único atleta a tempo inteiro e isso leva a que me vejam como a estrela da equipa, quase um prodígio. Sei que sou importante para eles», começa por contar o mais recente internacional maurício, acabado de chegar de mais um jogo de... aprendizagem: 7-0 frente ao Senegal, em Dacar.

Depois de jogar por mais de 40 vezes pelos bleus , Jonathan Bru entendeu que só poderia voltar a sentir as emoções dos encontros internacionais se optasse pela sua segunda nacionalidade. Uma decisão da qual não se arrepende: «Jogar pela França seria muito difícil. Fui contactado no ano passado, reflecti, e decidi aceitar. Permite-me defrontar grandes jogadores, ainda recentemente joguei conta o Etoo, testar-me e perceber a que nível estou.»

A estreia com os Camarões dificilmente lhe poderia ter corrido melhor. «Fiz o golo do empate (1-1) ao intervalo, mas perdemos por 3-1. Estava muito motivado. Era uma estreia muito aguardada, tanto da minha parte como da parte dos responsáveis da selecção. Penso que deixei uma boa impressão», afiança.

As infra-estruturas, normalmente o calcanhar de Aquiles destes pequenos países, são satisfatórias no entender do jogador da Oliveirense: «Temos relvados suficientes, dois bons estádios, e tudo o que é preciso. Para jogar futebol também não faz falta muita coisa.» Surpreendente ou não, a verdade é as Ilhas Maurícias, juntamente com a Líbia e as Seychelles, são o único país de África com índice de desenvolvimento Humano considerado alto.

Um passo a trás, dois em frente...

Aprovado ainda por Domingos Paciência, no final da época de 2008/09, depois de um período à experiência, Jonathan Bru teve poucas oportunidades de se mostrar em Coimbra. Mudou-se para perto e, agora em Oliveira de Azeméis, tenta relançar a carreira, sempre com o regresso à Liga no horizonte.

«Tenho jogado sempre e isso permite-me beneficiar de uma montra. Queremos subir este ano, as coisas estão a correr bem, e espero voltar a um nível mais alto. Na Académica, nem tudo foi mau, simplesmente também não foi bom. Estou muito agradecido à Oliveirense, ao presidente, ao treinador, enfim a todos no clube, por esta oportunidade. Mas também não esqueço a Briosa, que me abriu as portas do futebol português», finaliza.