Agendada para o próximo dia 31 de maio, a final da Taça de Portugal começa a jogar-se muito antes. Os treinadores das equipas finalistas, Sporting e Sp. Braga, já lidam nesta altura com uma ameaça relevante e comum: a descompressão pré-Jamor.
 
Com a situação na Liga já fechada, Marco Silva e Sergio Conceição têm a possibilidade de gerir o plantel de outra forma nas últimas jornadas, mas isso pode acarretar riscos para a festa do Estádio Nacional.
 
Ainda que para o Sporting só agora tenha ficado definido o terceiro lugar como classificação final, esse era já um desfecho praticamente certo, pelo que as últimas semanas têm sido aproveitadas para poupar alguns jogadores. Tendo em conta alguns problemas físicos concretos, como Slimani, mas sobretudo gerindo a fadiga de alguns jogadores mais utilizados (William, Adrien, Nani, Jefferson...).
 
No «onze» do Sp. Braga não se tem visto a mesma rotatividade, mas a derrota caseira frente ao Marítimo, nesta jornada, reforça a ideia de que Sérgio Conceição lida com um desafio idêntico ao de Marco Silva.
 
Se por um lado é imperativo gerir a condição física do plantel, de forma a que a equipa apresente a melhor condição possível no Jamor, por outro é preciso ter em conta uma inevitável descompressão do grupo até lá.
 
Trata-se de uma ameaça a todos os níveis: físico, técnico, tático e mental. Se a fadiga é inconveniente, a poupança de um jogador mais cansado pode fazer também com que ele chegue ao jogo decisivo com pouco ritmo. E o aumento da rotatividade no «onze» pode descaracterizar a equipa, fazendo com que algumas rotinas se desvaneçam. É certo que ambas as formações levam cerca dez meses de trabalho, de consolidação de processos, mas as mudanças podem provocar oscilações involuntárias na identidade de cada uma.
 
Sem metas por cumprir na Liga, os jogadores baixam a guarda. Do ponto de vista físico e mental. Até porque alguns já vão pensando na próxima etapa, por mais que queiram despedir-se em beleza. E a 31 de maio, quando quiserem estar plenamente focados na decisão, quando quiserem estar fisicamente preparados, vão sentir dificuldade para reencontrar os níveis exigidos.
 
Nestes cenários a intensidade competitiva diminui. De forma mais ou menos inconsciente, mas incontornavelmente. O segredo não é tentar evitar que tal aconteça, é minimizar os efeitos. Procurar o equilíbrio entre a gestão do plantel e a necessidade de manter a equipa «viva».
 
Esse é o desafio colocado a Marco Silva e Sérgio Conceição, e aquele que lidar melhor com ele levará vantagem para o Jamor.
 
«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.