Tinha escrito depois do jogo da Alemanha que acreditava e esperava uma resposta forte e positiva contra os EUA. Não aconteceu e mais uma vez não tivemos o resultado esperado e as contas muito complicadas, voltam a estar presentes. Mas o que se passou em Manaus?

O onze dos EUA, além da estratégia, revelava o respeito que eles tinham pela selecção portuguesa. Apenas um avançado e mais um médio para controlar e preencher o meio-campo.

Portugal apresentou-se no esquema habitual e desta vez com Postiga.

Excepção feita ao sector defensivo pelas mudanças forçadas, os restantes seis jogadores foram aqueles que desde Outubro 2010 fazem parte do onze e têm conseguido bons resultados.

O início do jogo foi prometedor. Entrámos bem, assumindo as despesas do jogo e o golo surgiu.

A partir dos 12 minutos os EUA cresceram e ao longo do jogo houve alternância de domínio. Tivemos momentos em que não conseguimos fazer bem as coisas, fosse por falta de frescura física, pelas condições climatéricas que não foram fáceis (para as duas equipas), pela dificuldade em fazer a melhor leitura do momento do jogo e naturalmente pela forma de jogar dos americanos. Continuo a dizer que somos melhores, mas não chega.
Temos de provar e não o fizemos.

Mas o jogo voltou a ter as lesões e problemas acrescidos para Paulo Bento. Postiga, aos 16 minutos (!!!) e André Almeida, ao intervalo, saíram. Mas o jogo colocava uma outra questão que subsistiu durante os noventa minutos: a incapacidade para controlar o flanco direito americano e o perigo que os norte-americanos estavam a criar. Johnson foi um elemento que quase sempre apareceu solto pelo corredor e durante todo o jogo foram poucos os momentos em que o conseguimos controlar.

Vivemos quase sempre em sobressalto quer com André Almeida quer na segunda parte com Miguel Veloso. Quem está no futebol sabe da exigência máxima que tem de ser colocada em todas as acções.

O futebol vive da estratégia, da concentração, da inspiração, da organização, de detalhes, entre outras coisas e não necessariamente por esta ordem. E certos detalhes ajudam a decidir o jogo.

No lance do primeiro golo, tínhamos de ter colocado mais pressão sobre Jones na altura em que a bola foi ter com ele.

No lance do segundo golo, tínhamos de sair mais rápido e deixar os avançados americanos em posição de fora-de-jogo. Não o fizemos e pagámos bem caro.

Mas o jogo também teve aspectos positivos, que registo. A segurança de Ricardo Costa e a serenidade e confiança de William Carvalho. O bom rendimento e o inconformismo de Nani e a frieza revelada no golo marcado. Bom cruzamento de Ronaldo e excelente finalização de Varela no nosso segundo golo, a revelarem a força e capacidade mental para correr atrás do empate nos últimos minutos.

Mas o que antecedeu este jogo e o que se lhe seguiu foi um mar de críticas. Esta selecção não era a melhor do mundo quando partiu para o Brasil e estes dois resultados não a tornam a pior. Os resultados não são os esperados e criticar acaba por ser o caminho seguido. Umas críticas justas e acertadas, outras que têm a ver com o facto de tudo ser motivo de crítica. O bom senso falta e entra-se pela crítica fácil. Opinar e analisar, já percebemos, é para todos (infelizmente) e algumas das coisas que tenho visto e lido são más de mais.

Na altura certa, quando tudo terminar, será então o momento para os responsáveis fazerem o balanço e reflectirem sobre tudo o que se passou no Mundial. Mas ainda não chegou. Falta um jogo e ainda uma réstia de esperança (alguns não queriam…) para podermos passar aos oitavos-de-final.

O foco tem de estar no que temos de fazer para ganhar.

São 90 minutos e uma possibilidade. Mínima, é certo, mas é a ela que temos de nos agarrar e ter a consciência de que servir a selecção nacional obriga a um compromisso e a uma responsabilidade inerentes a quem representa um país.

Aos jogadores compete acreditar e lutar pela vitória. Não dependemos de nós, mas naquilo que depender teremos de fazer o nosso trabalho e dar o máximo. Não se espera outra coisa. Chegar ao fim com a consciência que se deu tudo e ver o resultado. Não é o tempo para uma análise final. Ainda temos um jogo para fazer. Força Portugal!