Conhece alguém chamado Képler Laveran Lima Ferreira? Se lhe falar em Pepe já não terá dúvidas. A vida do defesa do F.C. Porto está recheada destes pequenos pormenores curiosos, que fazem dele um jogador de qualidade, consciente do papel que desenrola no mundo do futebol.
O apelido foi-lhe dado muito cedo, quando ainda dava os primeiros pontapés na bola em Maceió, estado de Alagoas, no Brasil. Das ruas passou rapidamente para o Napoli, clube do seu bairro que lhe deu espaço para crescer. Pela televisão vibrava com as conquistas do Palmeiras, que lhe aquecia o coração de menino. O mesmo clube a dar-lhe uma grande alegria alguns anos depois, quando venceu a Taça Libertadores. Como adepto, vibrou com a conquista proporcionada pelo treinador Luiz Felipe Scolari, e por jogadores marcantes como Arce, Alex, César Sampaio ou Euller, entre outros.
«Depois do pequeno Napoli mudei-me para o CRB, que era um clube com outras ambições e terminei a minha formação no Corinthians Alagoano, onde cheguei a jogar na equipa principal, embora tivesse idade de júnior. Em 2001 fui observado pelo Marítimo, que me contratou», conta, não guardando grandes recordações dos primeiros tempos na Madeira, onde teve de viver no antigo lar. A adaptação não foi fácil: «Estava longe da família, não tinha as melhores condições e ainda tínhamos de jogar em campos de torrão, o que era totalmente novo para mim, porque no Brasil joguei sempre em relvado».
A qualidade, porém, fez com que sobressaísse e rapidamente passou a jogar na equipa principal. Ninguém tinha dúvidas que ali estava um jogador cheio de potencial e eis que em 2002 surgiu a primeira oportunidade de assinar por um grande. O Sporting estava à procura de defesa-centrais e Lazlo Boloni decidiu testá-lo durante a pré-época, mas apesar de ter convencido o treinador acabaria por não ficar devido a desacordo de verbas entre o clube de Alvalade e o Marítimo. «Graças a Deus que não assinei pelo Sporting, porque assim pude ir para o Porto», lembrou várias vezes desde que assinou pelos dragões.
Boloni, já longe de Portugal, nunca se cansou de tentar contratá-lo e recentemente fez tudo para o levar para o Rennes. Debalde. Porque Pepe já só pensava no F.C. Porto. Em poucos anos, tudo mudou na sua carreira, muito por culpa de um clube que nem sempre é bem compreendido: «As pessoas pensam que o Corinthians Alagoano é um entreposto, mas isso não é verdade. Trata-se de um grande centro formador de jogadores, que tem sabido encontrar talentos e depois desperta a cobiça de muita gente. Já foram muitos os atletas formados lá, como o Deco, o Marcos António, o Elias, o Valdiran. Muitos ao longo do passado e hoje em dia também».