Pode acusar-se Frederico Varandas de muitas coisas, mas nenhuma delas será falta de coragem.

O presidente do Sporting já tinha mostrado que pensa pela cabeça dele e toma as decisões apenas de acordo com esse princípio num par de vezes.

Por exemplo nas escolhas do treinador.

Primeiro um estrangeiro desconhecido sem experiência de futebol português, depois um jovem em início de carreira que não tem sequer o quarto nível do curso.

Ora, portanto, já dava para perceber que Frederico Varandas tem uma firmeza desassombrada, mas nenhuma decisão exigiu metade da coragem da que tomou este domingo. Cortar os apoios às claques significa levar os problemas para o campo onde elas – as claques – são mais fortes: para a guerra.

A situação já era, por isso, muito desconfortável, mas agora tornou-se insuportável. Frederico Varandas nunca mais vai ter paz no Sporting.

Fez bem? Não tenho dúvidas sobre isso: fez muito bem.

Já escrevi um par de vezes o que penso das claques, mas não me importo de repetir: acho que são um distúrbio totalmente dispensável no futebol português (ou espanhol, ou italiano, ou francês). Lideradas muitas vezes por gente com cadastro, tornam os estádios um espaço perigoso, onde cresce a agressividade, a raiva, a violência e a hostilidade.

Dizem que apoiam os clubes, mas o que sinto é que sobretudo legitimam o resto dos adeptos a não apoiar: afinal de contas elas é que recebem apoios para cantar e saltar.

Por isso, e porque em Inglaterra a decisão de acabar com as claques nos estádios mudou o futebol para infinitamente melhor, acho que são completamente dispensáveis.

Uma coisa, porém, é concordar numa ideia. Outra é fazer alguma coisa nesse sentido. Afinal de contas são pessoas perigosas, habituadas a viver em guerra e extremamente violentas.

Frederico Varandas merece o meu aplauso.