João Moutinho
Frieza
Já se tornou um lugar-comum, mas continua a ser necessário repeti-lo: João Moutinho é um caso arrepiante de lucidez em campo. Em qualquer circunstância de jogo é certo que o 28 de Alvalade estará um passo à frente dos outros. Não por ser mais rápido, nem mais forte, muito pelo contrário: é o facto de não ser veloz, nem forte, que o faz ter de resolver as coisas por antecipação. Com o dom inato de dar os tempos certos à equipa, é ele quem impõe os ritmos, quem acelera e pausa o jogo e quem determina o sentido ao que as pernas (as dele e as dos companheiros) vão fazer a seguir. Para isto, não é preciso ter bola. Basta um cérebro que não se distrai com emoções desnecessárias e nunca perde o sentido das prioridades.
Influência
Há duas formas de exercer liderança numa equipa: pela personalidade e pelo exemplo. Moutinho está claramente no segundo tipo. Não grita ordens, nem precisa de gestos exuberantes para ser a referência. Basta-lhe estar lá e fazer o que faz para mostrar o caminho. E é aqui que a bola entra na equação. Por contraste com o F.C. Porto, que prefere desequilibrar pela rapidez, este Sporting precisa de tê-la para definir a sua identidade em campo. Ao contrário de Nani ou Carlos Martins, a quem se perdoam as inconsistências pela expectativa do talento, Moutinho é sempre quem a trata melhor: nunca a perde e está sempre no sítio certo para iniciar a sua recuperação.
Confiança
Não tem, nem pode ter, a presença na área de Katsouranis. Mas há sinais que não enganam. A sua frequência de remates disparou em relação aos números da primeira época, as iniciativas individuais são muito mais contundentes do que há um ano e mostram um jogador que avalia melhor do que ninguém aquilo que pode fazer. Com a mesma lucidez que põe em campo, Moutinho já digeriu da melhor maneira o coro de elogios que acompanha a sua afirmação: percebendo que as suas responsabilidades aumentaram e adaptando o seu jogo a essa exigência.
Katsouranis
Cabeça
Katsouranis é, a par de Paulo Jorge (Sp. Braga), o jogador com mais golos de cabeça apontados na Liga 2006/07: três cabeceamentos certeiros do médio defensivo grego. Katsouranis pode aproveitar a vantagem na contagem de centímetros, em comparação com os elementos do sector intermediário do Sporting. Com Nuno Gomes como principal referência ofensiva do Benfica, Katsouranis assume-se como um excelente complemento no jogo áereo, nos lances de bola corrida, que não permitem a participação dos centrais encarnados.
Imprevisibilidade
A principal vantagem de Katsouranis é, como se disse, a predisposição para surgir em zonas de finalização. Fernando Santos ainda hesitou, começou a época com o grego preso à frente da defesa e Petit livre, mas cedo inverteu as peças do sector, transformando Katsouranis num «box to box» sem bola. Não é um jogador com especial capacidade para assumir a condução do jogo, nem pretende fazê-lo. Opta por «desaparecer» enquanto a bola é transportada pelo centro e pelos flancos, surgindo na área contrária, invariavelmente, sem marcação.
Anti-pressão
Foi o único jogador que Fernando Santos trouxe na bagagem, desde Atenas. Com todos os olhares sobre ele, não deslumbrou inicialmente e despertou alguma apreensão, mas soube resistir à desconfiança sem uma palavra ou um gesto que pudesse motivar a ruptura. Elemento voluntarioso, destrói jogo sem arriscar duras sanções disciplinares, demonstrando uma tranquilidade e lucidez invejáveis. Vantagem importante num recinto adverso como o Estádio de Alvalade.