José Mota apresentou-se na sala de imprensa do Estádio Nacional com a Taça de Portugal, minutos depois do Desportivo das Aves ter batido o Sporting na final do Jamor (2-1). O treinador, além de felicidade pela conquista do troféu, deixou também bem expressa a sua indignação pelo pouco espaço que a sua equipa teve na comunicação social ao longo da semana.

O treinador perdeu o sorriso logo na primeira pergunta, quando lhe pediram uma reação às palavras de Jorge Jesus que, um pouco antes, tinha relegado os fatores técnico-táticos do jogo para segundo plano, tendo em conta a difícil semana que os jogadores do Sporting viveram.

«Nós em segundo plano já estamos há muito tempo, esta semana ninguém nos ligou nenhuma. Acho uma falta de respeito a forma como trataram o Desportivo das Aves. Viemos cá e vencemos com todo o mérito. Esta pergunta diz isso mesmo», começou por referir o treinador que não se cansou de exigir «mérito» à sua equipa.

«Esta taça é nossa, o mérito é dos jogadores, da equipa técnica. Se fosse por vocês, nós tínhamos perdido. Não nos respeitaram. Por exemplo, ainda hoje, antes do aquecimento, estive a ver quinze minutos a ver um canal de televisão que tinha a camera dirigida para os adeptos do Sporting. Nunca viraram para o lado sul, onde estava o Desportivo das Aves. Ganhámos com todo mérito», insistiu.

Mérito para o treinador. «Tenho mais de seiscentos jogos como treinador, já ganhei ao Sporting oito vezes. Algum de vocês falou nesse pormenor? Respeitaram os jogadores do Aves? Alguns deles já ganharam a Taça de Portugal. Quem nos respeitou foi o povo português. Ainda hoje no passeio matinal, diziam-nos que íamos ganhar. O povo foi o único que nos respeitou», acrescentou ainda zangado.

Mérito também para os jogadores. «Os meus jogadores fizeram coisas extraordinárias para chegar à final, viemos aqui para ganhar, preparamo-nos para ganhar. A tarja que tínhamos à saída na Vila da Aves dizia isso, as finais jogam-se para ganhar. Se quiserem pôr o Aves em segundo plano, problema vosso, eu estou muito alegre. O meu sonho de criança era vir ao Jamor e pegar nesta taça», destacou.

Um jogo fácil de preparar, tal era a motivação dos jogadores do Aves. «Foi um jogo que foi simples de preparar. A motivação estava no limite. Olhava para os jogadores e sentia que os estavam preparadíssimos. Sabia que eles não iam errar. O adversário tem jogadores capazes de decidir o jogo, mas sabia que íamos estar preparados para vencer. Trabalhámos muito, não ficámos à espera que as cosias acontecessem. Não estou a puxar dos galões porque venci a taça», prosseguiu

Uma vitória que abre as portas da Liga Europa, além da Supertaça Cândido Oliveira, logo a abrir a próxima temporada. Será com José Mota ao comando? «Tenho contrato com o Aves, em princípio é para continuar. Teremos de preparar não só essa participação em termos de Liga Europa, mas também a Supertaça», destacou.

O Aves tem agora uma longa viagem pela frente e à sua espera uma vila inteira em festa. «Sei que vamos ter uma receção muito grande. Mesmo nos momentos mais difíceis da época, nas derrotas que tivemos, os nossos adeptos sempre nos incentivaram e nos deram uma palavra de carinho. Por isso é que estava cá toda a Vila das Aves. Sei que vamos chegar e vamos ter a vila em peso à nossa espera. Vai ser uma noite fantástica. Vai ser festejado de forma saudável e digna», comentou ainda.