Ainda não foi desta. O Moreirense continua à procura da primeira vitória na Liga depois de ceder um empate caseiro com o União da Madeira, num jogo sem golos, com largos períodos de pouco interesse e em que as promessas deixadas na Luz não foram cumpridas.
 
A espiral negativa não larga a equipa dos Cónegos que até pode alegar, e com razão, ter tido as melhores ocasiões do jogo, mas fica com o pobre saldo matemático que dita leis no campeonato: apenas um ponto.
 
Bem mais saboroso, portanto, para a equipa de Luís Norton de Matos que, em ano de regresso à Liga, só foi desfeiteada ainda em um jogo, somando cinco pontos. Pecúlio interessante mesmo que o futebol mostrado em Moreira de Cónegos tenha ficado aquém para quem queria um bom espetáculo. Tal como para o Moreirense, fica o ponto. A diferença está no sabor.
 
A haver um vencedor seria o Moreirense. Isso parece inegociável, tantas foram as oportunidades desperdiçadas. Aliás, se, ao intervalo, o Moreirense já estivesse a vencer, não se poderia dizer que o resultado não era justo, também. A equipa de Miguel Leal teve mais bola e, lá está, as melhores ocasiões, mesmo não exercendo um domínio esmagador sobre o União.
 
Rafael Martins, por duas vezes, esteve perto de marcar de cabeça. André Moreira evitou a primeira, com um voo soberbo, Paulinho negou, em cima da linha, que a segunda tentativa resultasse em pleno.
 
O avançado brasileiro é um acréscimo de qualidade a uma equipa que precisa de maior poder de decisão na frente. É verdade que Ernest acompanhou de perto o ponta de lança e destacou-se com raides perigosos, mas Iuri Medeiros foi, esta tarde, uma sombra daquilo que já mostrou noutros tempos e noutras paragens.
 
O União, por seu turno, não foi tão perigoso como o rival, mas conseguiu ter o jogo equilibrado na maior parte do tempo. Fruto de uma linha defensiva coesa, onde se destacou Joãozinho pelo apoio ofegante ao ataque, e de um meio campo de trabalho. Soares e Gian não serão os jogadores mais tecnicistas do grupo, mas a entrega que colocam em campo é notável. Qualquer equipa precisa de homens assim.
 
E se a primeira parte não foi nada de especial, a segunda foi...pior. O Moreirense foi muito menos perigoso e o União manteve o registo, sabendo que um empate fora de portas não era mau de todo.
 
Para o Moreirense a situação era a inversa. As três derrotas a abrir obrigavam a uma resposta à altura já hoje. Miguel Leal demorou, contudo, a arriscar. Acreditou no sucesso pela base inicial. Só no último quarto de hora lançou Cardozo. Abrindo o jogo para o assalto final? Nada disso. Jogou pelo seguro e tirou Rafael Martins. Troca por troca que não agradou nada ao público da casa, sedento de um triunfo.
 
Mesmo com a fórmula de sempre (e já com Luís Carlos e André Fontes em campo), o Moreirense voltou a ser a equipa mais perto de marcar. Primeiro por Evaldo, que não acreditou que um livre de Iuri lhe chegasse e rematou fraco, até quase sem querer, a um metro da baliza; depois pelo próprio Iuri, talvez na melhor ocasião de todo o jogo, a atirar ao lado só com André Moreira pela frente.
 
Foi o canto do cisne. Aliás, até ao final, a melhor ocasião até foi madeirense, com Amilton a atirar a rasar o poste.
 
Seria injusto para o Moreirense, mas seria futebol. Ficou, então, o ponto. Para ambas as equipas resta a mesma soma matemática. O sabor, esse, é que não tem nada a ver.