Vítor Baía lança esta terça-feira a autobiografia, história de uma vida de 36 anos e de uma carreira cujo fim, felizmente, ainda se desconhece.
O livro e o dvd, que inclui a entrevista feita por Miguel Sousa Tavares, permitem que fiquemos a saber mais sobre o campeão dos campeões.
Vítor Baía é há muito anos a face dourada de um clube que nunca se preocupou em ser fácil de entender, quanto mais simpático.
Para quem não pertence ao F.C. Porto, é natural ver em Pinto da Costa a forma viva de todos os males do futebol português. Percebe-se que o estilo de Jorge Costa (e alguns exageros) também não encontre muitos adeptos em outros clubes. Mas com Baía sempre foi diferente.
Apesar de ser inequivocamente um dos maiores símbolos da história do F.C. Porto, Vítor Baía é um jogador admirado por pessoas de outros clubes e respeitado por quase todos. Até pelos que questionam o seu valor, como forma indirecta de tentar atingir o clube que representa.
Sem ser um jogador unânime (em Portugal, só talvez Figo e Cristiano, porque saíram cedo, se aproximem desse estatuto), Vítor Baía é um exemplo. Ler com atenção o livro que agora publica ajuda a compreender como é ténue a fronteira entre o sucesso e o insucesso.
Claro que o livro só não explica um dos maiores mistérios do futebol português dos últimos anos: por que não vai Baía à selecção, nem quando os preferidos estão no banco ou na bancada. Mas, claro, essa resposta nunca poderia ser dada pelo guarda-redes que na entrevista com Miguel Sousa Tavares tem um momento fantástico ao confessar que já chegou a pedir a colegas para que tentassem sacar, assim com jeitinho, o segredo de Scolari. Por nada, só para saber.
Pelo menos isso merecia.