O hipnoterapeuta Alexandrino deixou hoje Guimarães. Ao final da manhã, abandonou o hotel onde estava instalado desde o dia 26 de Abril e despediu-se da cidade. Passaria, apressado, por um quiosque próximo para compra alguns jornais onde aparecia como figura de destaque. E emocionava-se com a capa de uma revista onde era figura central, imediatamente antes de partir, estrada fora, a caminho do Alto Minho, onde promete potenciar o seu protagonismo a «dar entrevistas» e em acções carregadas de «ocultismo». Famoso já é.  
 
Um simples voo de avião para a Madeira e o facto de não ter sido incluído na comitiva soltou-lhe a ira. A «operação de desmantação» (eliminar as partículas magnéticas negativas provocadas pelo pânico) era uma missão imprescindível, no seu entender. Este pormenor viria a traí-lo. Zangou-se e decidiu abrir o livro sobre a sua acção no clube. Falou, gesticulou, deu-se a conhecer ao mundo do futebol como o «indutor psicológico», descodificando práticas «ocultas» e mostrando-se um praticante fervoroso do xamanismo. O hipnoterapeuta do Guimarães tinha um dom inestimável: ria-se de si próprio e fazia rir os outros.   
 
Afirmava muitas vezes que «melhorava as performances dos jogadores» e que era capaz de «potenciar a responsabilidade e consciência dos atletas». Agora, no desemprego, poderá ser uma das transferências mais económicas do defeso. Em Guimarães trabalhou de forma gratuita. Alguns acreditaram nele, outros nem por isso.  
 
Os sete que não alinharam  
 
Sete elementos da equipa do Guimarães não aderiram ao «culto» do hipnoterapeuta. Tomic, Vítor Nuno, Paulão, Rubem, Águia, Hugo Cunha e Evando não faziam parte da equipa de Alexandrino. Repartidos por outras crenças religiosas, nunca se deixaram seduzir pelo bruxo. No outro lado da contenda, o defesa Abel, estudante universitário, foi dos jogadores que mais privou com «o feiticeiro» da bola. O atleta conversava várias vezes com ele devido ao seu «discurso interessante».   
 
A passagem de Alexandrino por Guimarães acaba por reflectir e espelhar um pouco a época negativa a nível desportivo, salpicada nesta recta final de campeonato por aspectos relacionados com o oculto, roçando por vezes a estupefacção e o macabro, devendo-se juntar o facto de os resultados positivos terem surgido poucos dias após a chegada do «experimentalista» a Guimarães. Sete pontos em três jogos falam por si... Mas o bruxo não se aguentou e a cidade de Guimarães efervesceu com o conhecimento das suas práticas.