O processo «Apito dourado» marcou o ano de 2004 e atingiu algumas das maiores figuras do futebol português: o presidente da Liga, o presidente do clube que mais ganhou na última década e o responsável maior pela arbitragem. Além de árbitros, auxiliares, conselheiros e até um empresário.
De 2004 para 2005 fica a ideia de que esta história ainda está a começar. Por agora temos 22 indiciados por diversos crimes de corrupção activa, passiva e tráfico de influências.
O «Apito dourado» afastou Valentim Loureiro da presidência da Liga e, bem à portuguesa, oito meses depois a tribo do futebol ainda espera, muda, pelo regresso do major.
O mesmo processo indiciou o presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa, a figura que mais tem dividido o futebol português nos últimos 20 anos. Um deus para muitos, sinónimo de todos os males para pelo menos outros tantos.
Ainda é cedo para perceber exactamente o que é o processo «Apito dourado», mas talvez seja possível retirar uma conclusão: existe demasiada proximidade
entre árbitros, dirigentes de clubes e responsáveis por órgãos que deviam garantir a independência no futebol. O que não é novidade, pois, mas não deixa de chocar ao ser publicamente exposto.
Também sem novidade, ficou à vista de todos a excessiva proximidade entre os negócios da noite e os do futebol. O «Apito dourado» deu razão a todos os que guardam uma prudente distância das coisas da bola. Nesse aspecto,
funcionou como alto contraste em relação à festa do Euro 2004.
O processo conhecerá novos desenvolvimentos em 2005, quando for conhecida a acusação e, provavelmente, o nome de novos protagonistas. Mas já nada poderá espantar-nos.