Luís Figo no Euro2008? Os adeptos portugueses dividem-se quanto ao regresso de um eterno capitão, um símbolo de uma geração, um jogador que ainda resiste à entrada definitiva no capítulo histórico, conservando as qualidades futebolísticas que vai apresentando ao mais alto nível, no Inter de Milão. Na recta final de recuperação de uma lesão de média gravidade, Figo ainda poderia ser útil à selecção, nos relvados da Áustria e da Suíça?
O jogador descarta essa possibilidade, Luiz Felipe Scolari alinha pelo mesmo diapasão mas reclama a sua presença na fase final do Campeonato da Europa, como factor de união e moralização do grupo. O Maisfutebol ouviu alguns antigos internacionais portugueses, que concordam com a tese. Como ponto de análise, procuramos perceber quem esteve, aos 35 anos, no último Mundial, quem estará no Europeu e ainda quem continua a brilhar nos maiores campeonatos do Velho Continente.
Jorge Costa: «Figo não é só uma imagem, uma bandeira»
«Figo foi e é uma pessoa muito importante para a selecção nacional. Mas ele tomou uma decisão, dizendo que não volta a jogar por Portugal e temos de aceitar. Pessoalmente, acho que o Figo ainda podia dar uma perninha à selecção, como se costuma dizer. Está entre os melhores jogadores portugueses de sempre e acho que ainda seria importante», começa por dizer Jorge Costa.
Resignado perante a posição de Figo, o ex-técnico do Sp. Braga concorda com a intenção de Scolari: «Não sendo isso possível, penso que também será importante contar com a sua presença juntos dos jogadores. Pela imagem que tem, pela motivação que transmite aos restantes elementos da selecção, seria muito útil. Mas Figo não é só uma imagem, uma bandeira, longe disso. É um indivíduo que, pela sua postura, pode ser muito importante para a selecção, mesmo não jogando.»
Nené: «Rui Costa também merecia estar no Euro2008»
Nené, nome resistente na lista dos jogadores com mais internacionalizações por Portugal, concorda com Jorge Costa: «Acho que ele deveria marcar presença no Euro2008, mesmo sem jogar. Ele sabe, melhor que ninguém, se ainda está em condições de servir a selecção ao seu melhor nível. Se considera que não, respeito completamente a decisão dele e tenho de concordar.»
«É verdade que eu também me despedi da selecção com 35 anos, mas ainda fiz duas épocas no Benfica depois disso. Eram tempos diferentes, actualmente o futebol é mais rápido. Penso que Luís Figo pode ser importante, influenciando os outros jogadores e transmitindo a sua experiência, acompanhando a selecção de perto. Aliás, há outros jogadores importantes. O Rui Costa, por exemplo, também merecia estar no Euro2008 a acompanhar a selecção», fez questão de lembrar.
João V. Pinto: «Um avançado ou um extremo têm que se movimentar muito»
João Vieira Pinto, tal como Luís Figo, continua a apresentar-se a bom nível, em funções ofensivas. Sem abordar a situação do jogador do Inter de Milão ao longo da breve conversa, procuramos saber como resiste um criativo ao peso da idade. «No meu caso, a maior diferença prende-se com a perda de alguma velocidade de execução e com a necessidade de ter maior tempo de recuperação entre os jogos. Tenho como trunfo a experiência, que me permite gerir melhor as minhas acções em campo. Sei aquilo que devo ou não fazer, com e sem bola», afirma.
«A resistência sempre foi dos meus pontos fortes e sinto que não a perdi com o passar dos anos. Nunca tive quaisquer problemas nesse aspecto. Arrisco-me a dizer que não é por esse motivo que algum atleta deixa de jogar futebol profissional. Não tenho dúvidas que um central ou um trinco podem jogar até mais tarde. Um avançado ou um extremo têm que se movimentar muito e estão mais expostos aos adversários. Levam mais pancada e o desgaste é maior», diz o jogador do Sp. Braga, de 35 anos.