Detentora de dois títulos mundiais (nos longínquos anos de 1930 e 1950), a seleção do Uruguai vai ter de jogar a repescagem para o Campeonato do Mundo pela quarta vez consecutiva. Horas extra para Maxi Pereira, Jorge Fucile e companhia, que vão ter de defrontar a Jordânia a 13 e 20 de novembro.

Para o caso do benfiquista vai ser mesmo um novembro frenético, começando no dia 1 em Coimbra a defrontar a Académica, a 5 jogará com o Olympiakos em Atenas, no dia 13 estará em Aman para o primeiro jogo com a Jordânia, depois a 20 em Montevideo e finalmente a 23 na Luz terá de defrontar o Sp. Braga. O portista não tem sido titular, mas não tem um calendário mais suave, porque começa com uma deslocação a Lisboa (Belenenses), passa por São Petesburgo (Zenit) e termina em casa (com o Nacional).

O quinto lugar na eliminatória sul-americana deu à equipa celeste a oportunidade de disputar uma eliminatória extra, à semelhança do que acontecerá com Portugal. Se na Europa há play-off para atribuir mais quatro lugares, na América do Sul e na Ásia a derradeira posição é disputada num embate intercontinental.

Curiosamente, se o Uruguai se apurar para a fase final será cabeça de série no sorteio para a fase de grupos, juntamente com o Brasil, a Espanha, a Alemanha, a Argentina, a Colômbia, a Bélgica e a Suíça, dado que são combinados os resultados do Mundial de 2010 e o ranking da FIFA, que será publicado esta quinta-feira. Caso os uruguaios não se apurem é a Holanda que fica com o lugar de cabeça de série.

Nesta lógica de repescagem sul-americana, a seleção celeste é mesmo a campeã continental, somando a quarta ocasião consecutiva em que tem de jogar uma eliminatória extra para estar no Mundial e só por uma vez falhou esse apuramento. Por duas vezes teve de defrontar a Austrália, tendo vencido numa ocasião (Mundial 2002) e perdido noutra (Alemanha 2006), e na última vez (tendo em vista o Mundial 2010) eliminou a Costa Rica. Curiosamente, o Uruguai fez um grande campeonato do mundo na África do Sul e ficou em quarto lugar.

«Não nos vejo como favoritos, porque sabemos que ao Uruguai custa sempre mais, por isso vamos para esta eliminatória com toda a humildade», reconheceu Cristian Rodriguez no final do jogo com a Argentina. O ex-jogador de Benfica e FC Porto foi a grande figura da sua seleção no triunfo por 3-2 e acabou por apagar uma mancha negra no seu currículo, pois foi precisamente uma expulsão com os argentinos há quatro anos que o afastou do Mundial de 2010. «Para mim foi uma vingança muito especial, porque ainda por cima foi contra o eterno rival e num dos clássicos mais lindos do mundo», acrescentou o cebolla.

No Uruguai ninguém quer falar de favoritismos, principalmente porque a Jordânia é uma perfeita desconhecida. Os cabelos brancos do selecionador Tabarez aconselham prudência: «Pela nossa maneira de ser acreditamos que nada está escrito antes do tempo. Vejamos o caso dos italianos em 1966, que perderam para a Coreia do Norte. Ninguém o previa, era uma coisa impossível e no futebol não há impossíveis. Deixem-nos com o nosso conservadorismo, os nossos medos, por isso vamos respeitar muito a Jordânia».

O discurso passa por todos os jogadores e é resumido pelo portista Jorge Fucile. «Passei momentos complicados da minha vida, estive lesionado, e enquanto me pisavam mais eu me levantava. Pude ressurgir e regressar à seleção, estar bem fisicamente e não ter nenhuma lesão. Ficamos com um certo sabor amargo, porque ficámos em igualdade pontual com o Equador, mas faltaram golos. Agora temos a Jordânia e para nós é como se fosse a final do Mundial», frisou no final do embate com a Argentina.

Suárez, imparável

A maior estrela uruguaia do momento é Luis Suárez, que se tornou no melhor marcador das eliminatórias sul-americanas, com 11 golos, o que lhe permitiu superar Lionel Messi. Para além disso, o avançado é agora o maior goleador de sempre da seleção uruguaia, com 39 golos.




Resta saber se a indisciplina poderá voltar a prejudicá-lo. Aliás, as questões disciplinares, assim como os apuramentos indiretos para o Mundial, têm passado a constituir marca de água de uma seleção com enorme talento e muita, mas mesmo muita, desorganização. Claro que todos os querem ver no Brasil, mas tudo é possível. Faz-vos lembrar alguém cá pela Europa?