A Académica tem no seu plantel três jogadores cujas estreias em jogos oficiais pela Briosa aconteceu frente ao Benfica, justamente a próxima equipa a visitar o Municipal Cidade de Coimbra, nesta segunda feira. Em alturas diferentes, Roberto Brum, Danilo e Gelson deram os primeiros passos na Liga portuguesa apadrinhados pelos «encarnados», mas só o último tem razões para recordar esse dia de forma totalmente positiva: não perdeu o jogo.
O primeiro a debutar foi Danilo, a 19 de Setembro de 2004. Depois de um empate em casa com o Braga (2-2) e uma derrota em Guimarães (2-1), em que João Carlos Pereira havia apostado na dupla Zé Castro/Zé António, o técnico resolveu deixar no banco o agora jogador do Atlético de Madrid para dar uma oportunidade ao central contratado pouco tempo antes ao Coritiba. E logo frente ao Benfica¿
«Para um jogador que tinha acabado de chegar à Europa foi uma grande satisfação poder jogar contra um dos grandes de Portugal. Toda a gente conhece a grandeza do Benfica e a sua torcida. Só foi pena o resultado [derrota por 1-0, golo de Simão], porque isso é o que fica», recorda o defesa dos «estudantes», para quem o facto de terem «respeitado em demasia» o adversário acabou por ditar a perda dos três pontos: «Estávamos numa fase negativa, ainda não tínhamos qualquer vitória e isso também pesou.»
Passados mais de dois anos, Danilo volta a encarar uma partida frente ao Benfica com o mesmo entusiasmo, mas com a vontade de, desta feita, obter um resultado favorável às suas cores. «O nosso pensamento é sempre positivo. Vencemos na última partida, o jogo é em casa, e precisamos de ganhar para dar um novo rumo à equipa no Campeonato», sustenta o camisola 3 da Briosa.
Brum nem sabia o nome dos colegas¿
Na época (2004/05) em que Danilo chegou a Coimbra, a Académica haveria de reforçar-se em grande durante o mercado de Inverno e, além de Marcel e Hugo Leal, contratou também Roberto Brum, outro ex-Coritiba. O investimento foi forte, porque a Briosa estavam nos últimos lugares da tabela, já depois de ter trocado João Carlos Pereira por Nelo Vingada, e não ganhava havia nove jogos.
O médio brasileiro foi de imediato atirado às feras em plena... arena da Luz. «Cheguei numa altura de desespero e puseram-me logo a jogar. Ainda estava todo trocado com os fusos horários e nem sabia o nome de alguns colegas para lhes pedir que me passassem a bola.» No final, mais uma derrota (3-0), por sinal a última antes da famosa sequência de 12 partidas sem desfeitas.
Antes do encontro, Brum recebeu a visita do seu compadre Roger, na altura ainda vinculado aos «encarnados», que o preparou para aquilo que iria encontrar. «Para primeira impressão, foi óptimo. Fiquei super empolgado e feliz por ver que os portugueses são tão apaixonados por futebol como os brasileiros. Senti-me em casa.» Para quem cresceu no Fluminense e estava habituado a jogar no Maracanã, não foi nada de mais. «Foram muitos Fla-Flu e Fluminense - Vasco da Gama. As vezes com mais de 120 mil espectadores», revela.
Tal como Danilo, também Roberto Brum acredita que o jogo de segunda-feira será diferente. «Ano novo, vida nova. Basta pegar no exemplo do Atlético. A surpresa é sempre possível», atira.
Gelson ainda conseguiu um pontinho¿
No trio que foi apadrinhado pelo Benfica, apenas Gelson se pode gabar de não ter perdido. Era o primeiro jogo da Liga da última época e a equipa de Ronald Koeman não foi além de um nulo em Coimbra. «Estava no banco e entrei nos últimos 20 minutos para segurar o meio-campo», lembra o avançado dos «estudantes», também ele encantado por se ter estreado diante de tão ilustre adversário. «Senti-me um privilegiado e, ainda por cima, conseguimos um pontinho», conclui.