Sensação de déjà vu no Estádio Cidade de Coimbra. A expressão, francesa, não poderia ser melhor para a recepção à armada gaulesa da Naval, neste derby do distrito de Coimbra, que voltou a pender para o lado da equipa da cidade do conhecimento, como aconteceu na esmagadora maioria das vezes em que esta duas equipas se encontraram.
Mas o cliché vem ainda a propósito do jogo dos comandados de André Villas Boas. Numa repetição do encontro da semana passada, com o Estoril, para a Taça da Liga, e, no fundo, reeditando aquilo que já começa a ser uma imagem de marca desta equipa, a Briosa marcou cedo, ampliou a vantagem, e viveu dos rendimentos na segunda parte.
Com a mesma eficácia (há quem lhe chame cinismo) de há uma semana, Lito, que continua de pé quente, abriu a defesa navalista, obrigando a formação de Inácio a desmontar a estratégia e a assumir o risco provavelmente mais cedo do que o técnico esperava. Os figueirenses mostraram capacidade de chegar à frente, na exacta proporção em que os da casa, também cumprindo o plano traçado para este jogo, permitiam esse domínio natural de quem tinha de recuperar de uma desvantagem.
A Naval cresceu em termos territoriais mas faltou-lhe essa mesma eficácia do adversário, ficando-se por alguns remates de longe e por um cabeceamento de Baradji, por cima. A Académica, sorrateira, esperou e, mesmo em cima do intervalo, chegou ao 2-0, por Sougou, num lance em que Diego Ângelo voltou a não ficar bem na fotografia, tal como acontecera no primeiro golo.

Mais um pecado, de Marinho
A segunda parte trouxe, como seria de esperar, uma nova abordagem da Naval, cada vez mais ofensiva à procura de reduzir os estragos. Kerrouche, o goleador da equipa que ficara no banco desta feita, foi chamado para permitir a Inácio mudar de médio municiador, que passou a ser Bolívia, depois de recuar um pouco no terreno.
A história do jogo poderia ter mudado se Marinho, com Nereu fora da baliza, não tivesse tropeçado na bola. A Naval continuou a correr atrás do resultado, perante a capacidade da Briosa que, pese algum sobressalto, soube segurar o resultado até ao fim. André Villas Boas entra em 2010 com duas vitórias consecutivas, um óptimo cartão-de-visita para a recepção ao F.C. Porto, na quarta-feira, de novo para a Taça da Liga.