O lateral-direito Sonkaya, que o F. C: Porto cedeu no início da época à Académica, está a ser alvo de dois processos disciplinares. O primeiro devido ao facto de se ter recusado a viajar com a equipa para a Madeira, há quinze dias, para defrontar o Nacional, e o segundo devido a declarações publicadas hoje num jornal de Coimbra e num diário desportivo.
Nessas entrevistas, o jogador acusa a direcção do clube de lhe faltar ao respeito, não pagar a renda da sua casa como fora acordado, e critica ainda Manuel Machado por nunca apostar nele. «Se soubesse que vinha para aqui só para treinar, tinha ficado no F. C. Porto», afirmou, por entre outras manifestações de desagrado.
Em resposta, a Direcção da Briosa emitiu um comunicado no qual esclarece que, embora o contrato preveja a obrigação de o clube «disponibilizar um apartamento para habitação do jogador e seu agregado familiar (constituído pelo próprio e a esposa)», Sonkaya «decidiu arrendar um apartamento na Quinta da Romeira, cujo valor da renda não poderia ser, em circunstância alguma, suportado exclusivamente pela AAC/OAF».
«Desse facto, foi dado conhecimento ao atleta com indicações várias para se apresentar na sede da AAC/OAF de modo a resolver a questão. O que o atleta não fez», acrescentam os dirigentes dos «estudantes». No final do comunicado, a Direcção da Académica desvenda que Sonkaya já estava a ser alvo de um inquérito disciplinar «por motivo de recusa em integrar a comitiva da AAC/OAF que disputou a partida com o Nacional da Madeira», embora neste caso o jogador não tivesse sido suspenso.
Ao contrário, o segundo processo, instaurado hoje com «carácter de urgência» implicou a suspensão do jogador, que já não participou no treino realizado no Bolão e antes do qual o presidente José Eduardo Simões falou com o plantel no balneário, recusando-se a prestar declarações sobre o assunto ao MaisFutebol, assim como o próprio Sonkaya, posteriormente contactado via telefone.
A Académica esclarece ainda que comunicou o caso ao F. C. Porto «para os devidos efeitos».
«Académica implorou pelo Sonkaya», garante empresário
Perante o silêncio de Sonkaya, o Maisfutebol contactou o seu empresário, Janusz Kowalik, que reagiu com estranheza à suspensão imposta ao turco. Kowalik lamentou o papel secundário a que Sonkaya tem estado votado e relembrou as conversações mantidas na altura em que ficou definido o empréstimo do jogador do F.C. Porto ao emblema de Coimbra.
«O Fatih não queria ir para lá, mas a Académica queria-o mesmo e chegou a implorar-lhe para que ele concordasse», disse, Janusz Kowalik, que não se ficou por aqui. «Garantiram-nos que o Sonkaya teria um papel muito importante na equipa e agora é isto que se vê. Não joga, mesmo quando a equipa perde tantas vezes. O jogador que está a actuar como lateral direito é médio, por isso custa-me a entender. Tudo isto é muito estranho e injusto».
A poucos meses do final da temporada, Kowalik sabe que Sonkaya não pode fazer muito mais e acredita que a sua imagem «não sairá danificada». Resta-lhe «esperar» e começar a preparar o futuro. Que até pode passar pelo regresso à Holanda, onde actuou entre 1999 no Venlo e no Roda.
«O Sonkaya sempre foi e continuará a ser um grande profissional. No final desta temporada terei que falar com o F.C. Porto e perceber o que eles pretendem do atleta. Se não ficar no plantel, poderá voltar à Holanda, um país que gosta muito. À Turquia? Não, isso está completamente fora de hipótese», esclareceu Janusz Kowalik.