Vivem-se tempos de euforia em Coimbra. À sexta jornada, a Académica subiu ao segundo lugar da classificação, ainda que provisoriamente, e vive um conto de fadas com paralelo apenas nas famosas campanhas dos anos 60 que colocaram a equipa da Lusa Atenas nos píncaros do futebol nacional. O segundo lugar fica bem a esta Briosa, que joga bom futebol, marca que se farta, e parece querer sempre mais.

Depois de uma primeira parte bem jogada, com futebol de ataque sem freios de parte a parte, à qual só faltou o tempero dos golos, o melhor condimento chegou na segunda metade para gáudio dos cerca de 4 500 adeptos presentes no estádio. O V. Guimarães ainda chegou ao empate mas a ponta final da equipa da casa foi mais forte.

Terminou a maldição de Manuel Machado, que nunca havia perdido em Coimbra, e os minhotos, invictos até então, acabaram por perder o estatuto com estrondo. O mesmo das bombas de Diogo Melo e Sougou, mas há que destacar também a arte de Laionel que, mais uma vez, voltou a saltar do banco para fazer história.

Ataque como denominador comum

Nas margens do Mondego, assistiu-se a um jogo com laivos de clássico (55 partidas já em solo estudantil), entre o V. Guimarães que vinha de três vitórias seguidas e uma Académica detentora, também, de boas credenciais: só deixou os três pontos em Aveiro e já foi à Luz fazer um brilharete, logo na primeira jornada. Em comum, aliás, estas duas equipas têm o facto de já terem vencido o Benfica esta época. Em suma, uns queriam mantê-lo, outros cobiçavam-no. Silêncio que, na terra do Fado, vai jogar-se pelo segundo lugar!

O encontro revelou todo o potencial ofensivo reconhecido a estudantes e minhotos. Os da casa, cheios de brio, começaram a partida a todo o gás, pressionando o adversário e desenvolvendo bons movimentos ofensivos, com destaque para uma oportunidade de Miguel Fidalgo, que quase surpreendia Nilson com um chapéu ao qual o brasileiro não deu o valor devido.

Nas bancadas, o ambiente era condizente com a qualidade dentro das quatro linhas. De Guimarães, como já é hábito, vieram largas centenas de adeptos, sempre entusiastas, pelos de Coimbra, obviamente, também não faltou apoio e resposta à altura às provocações forasteiras. No campo, jogava-se bem, quase sempre com velocidade e ritmo, só faltavam oportunidades a sério, apesar de ambos os guarda-redes terem sido obrigados a trabalho aturado. O sinal mais pertencia aos estudantes que, ainda assim, revelavam algumas fragilidades defensivas, que permitiam aos vimaranenses, amiúde, colocar em sentido Peiser.

Agora, com golos

A Académica voltou a entrar bem na segunda parte, com um par de oportunidades que quase fizeram funcionar o marcador. Na primeira, teve de ser Alex a tirar sobre o risco de golo um cabeceamento de Diogo Valente quando já se gritava golo no estádio. O Vitória era encostado às cordas e sentia-se que a Briosa podia marcar a qualquer momento. Assim aconteceu, num petardo de Diogo Melo que, no entanto, só deixou os da casa na frente do marcador por dois minutos. Edgar aproveitou bem a letargia da defesa coimbrã e, de cabeça, bateu Peiser com toda a facilidade.

Pouco depois, Diogo Valente falhou escandalosamente na cara de Nilson após centro de Sougou. Num ápice, o jogo ganhou nova dimensão, trazida pelos golos e lances de ataque a rodos. A Briosa mantinha o pé no acelerador mas os minhotos foram subindo de produção, aproveitando os espaços concedidos. Foi até que os estudantes voltaram a ligar o turbo, com Éder a saltar do banco para dar um segundo folgo ao ataque.

Mas aquilo que fez levantar as bancadas foi aquele remate fabuloso de Sougou. O golo de Diogo Melo já tinha sido um portento mas que dizer da bomba do senegalês? Simplesmente, arrebatador aquele disparo que atirou com a Briosa para o segundo lugar. Nesta altura, a Académica estaria igualada com o Sp. Braga, já que nos golos marcados e sofridos não havia forma de os desempatar. Laionel resolveu a equação.