Tino Bala: de goleador do Leça à gestão de pavilhões
Constantino Jardim encerrou a carreira aos 37 anos e após uma aventura no clube de sempre, aventurou-se na área da restauração até encontrar estabilidade, conforto e felicidade como funcionário municipal: trabalha na Matosinhos Sport e é responsável pela gestão e manutenção de espaços desportivos.
«Depois do Adeus» é uma rubrica dedicada à vida de ex-jogadores após o final das carreiras. O que acontece quando penduram as chuteiras? Como sobrevivem os que não ficam ligados ao futebol? Críticas e sugestões para spereira@medicapital.pt Caro leitor, Constantino Jardim diz-lhe alguma coisa? Porventura, não. Mas de Tino Bala todos se lembram. A alcunha surgiu pela rapidez e pela facilidade com que fugia aos adversários, atributos que lhe valeram por uma vez a conquista da Bota de Bronze. Constantino representa Salgueiros, União de Lamas, Águeda, Desportivo das Aves, mas vive o período mais feliz da carreira no Leça. Sete temporadas em Leça da Palmeira, três delas no escalão máximo do futebol português. Marca quase meia centena de golos pelo histórico emblema do concelho de Matosinhos e por pouco não chega à seleção de Angola.
Quase quinze anos após encerrar a carreira, Constantino é funcionário de um empresa municipal responsável pela gestão das infraestruturas desportivas em Matosinhos. «Sou funcionário da Matosinhos Sport, uma empresa ligada ao desporto. Gerimos pavilhões desportivos relacionados com a patinagem artística e futsal. Gosto do que faço», conta ao Maisfutebol. «O convite surgiu por causa da minha passagem pelo Leça. Aceitei a proposta com todo o agrado. Temos de fazer alguma coisa (risos). Tomo conta dos pavilhões: abro e fecho a porta, acompanho os treinos, faço a manutenção do espaço, trato de tudo o que é preciso para os jogos oficiais.» Antes do emprego na Matosinhos Sport, Constantino arrisca e aposta na área da restauração. Onde? Em Leça, como não poderia deixar de ser. «Fui dono de um restaurante-bar em Leça. Tínhamos menus do dia e fazíamos pratos por encomenda. Enfim, servíamos um pouco de tudo», revela, pedindo depois, delicadamente, para mudarmos de tema.
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Por empréstimo do Salgueiros, Tino Bala representa o Desportivo de Águeda e Desportivo das Aves até ficar desempregado um par de meses. «O meu contrato com o Salgueiros acabou e fiquei sem clube. Estava com o meu amigo Jorge Faria na praia e ele disse-me que o União de Lamas não tinha avançado. Falou com o Pedro Nery e fui lá. Assinei logo e acabei como o melhor marcador da II Divisão. É engraçado», relembra. Por fim, chega ao Leça e brilha como nunca. «Subimos de divisão no segundo ano em que lá cheguei. Massacrámos quase todas as equipas e fomos promovidos com mérito», assume, sem rodeios. «Essa equipa era fantástica, há quem diga que é a melhor da história do Leça. Tínhamos uma união enorme. Lembro-me que íamos jantar todos tantas e tantas vezes. Tudo começava nesses jantares. Aliás, o Leça sempre foi conhecido pela união das suas equipas. Por isso, conseguia fazer pequenos milagres», defende. Tino Bala descreve-se como «um avançado sem medo de marcar golos» e elege o jogo que mais o marcou: Leça-Tirsense. «Ganhámos por 3-1. Fiz três golos e garantimos a manutenção. O Tirsense tinha uma grande equipa com o Caetano, Paredão, entre outros. Esse foi o mais importante porque garantimos a manutenção», explica.
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(Artigo originalmente publicado às 23:51 de 15-05-2019)