PONTO FORTE: um bom princípio
Tenha maior ou menos ascendente no jogo, o Maccabi Telavive procura sempre sair a jogar com a bola controlada. Isso verifica-se tanto nos pontapés de baliza como nos livres laterais ou nos cantos, pois até nesses casos a equipa opta muitas vezes por uma saída curta. Ainda que a qualidade individual do plantel seja reduzida, este é um princípio sempre louvável. É, de resto, uma herança que transita das passagens pelo clube de técnicos espanhóis como Óscar Garcia ou Pako Ayestarán, ou do português Paulo Sousa. Nas estatísticas da Liga dos Campeões o Maccabi até regista mais passes completos do que o FC Porto (671 contra 655), assim como melhor eficácia nos mesmos (84 contra 82 por cento).
 
PONTO FRACO: de pouco vale o recuo
Slavisa Jokanovic tem apostado numa estratégia mais cautelosa, sobretudo nos jogos da Liga dos Campeões, mas o recuo das linhas pouco vale perante as falhas defensivas da equipa. O problema está tanto na postura coletiva como nos erros individuais, entre erros primários e abordagem precipitada aos lances. As situações de bola parada justificam uma referência específica, na medida em que correspondem quase a metade dos golos sofridos (12 em 26).

Dificuldades no controlo da profundidade e também da largura, dada a distância entre o lateral esquerdo e o central mais próximo 

A FIGURA: ERAN ZAHAVI

A única experiência fora de Israel (Palermo) esteve longe de ser um sucesso, mas Zahavi é o maior talento do Maccabi. De longe! Antigo jogador do Hapoel Telavive, defrontou o Benfica em 2010 e marcou dois dos três golos da vitória caseira israelita. Agora ao serviço do rival Maccabi apresenta-se como a principal ameaça para o FC Porto. Os números são claros: em 17 jogos realizados soma 16 golos e três assistências. Tendo em conta que o Maccabi marcou 32 golos na temporada, Zahavi é responsável por metade (e com as assistências falamos de uma participação direta em 59 por cento dos tentos). E não estamos a falar de um jogador com perfil claro de ponta de lança de raiz. Ainda assim joga muito bem de costas para a baliza, sobretudo pela forma rápida como ataca a bola e como depois entrega ao primeiro toque. Muito móvel, procura sempre explorar as costas das defesas contrárias, principalmente nas alas, embora seja muitas vezes apanhado em fora de jogo. É um excelente finalizador, seja qual for o contexto: boa meia-distância, eficácia na área e excelente a jogar de cabeça, muito por causa da capacidade de impulsão. Para além disso ainda marca livres diretos e penáltis (os três convertidos até agora foram para o lado esquerdo).
 
ONZE BASE
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OUTRAS OPÇÕES:
1. Daniel Lifshitz: emprestado pelo Hapoel Ra’anana, o guarda-redes de 27 anos estreou-se no passado sábado e foi expulso.
55. Haviv Ohayon: terceiro guarda-redes, de apenas 17 anos, já fez um jogo a titular esta época, na Taça da Liga (Toto Cup).
3. Yuval Shpungin: tem discutido a titularidade no lado direito da defesa, com Dasa. Mais experiente mas igualmente permável e menos afoito ofensivamente.
14. Yoav Ziv: defesa já com 34 anos, é uma alternativa para as laterais, nomeadamente para a esquerda, embora a opção passe recentemente por recuar Rikan.
31. Carlos García: nove jogos como titular, na «sombra» de Haim e Tibi. Antigo internacional olímpico espanhol, agora com 31 anos, é um elemento experiente e de elevada estatutura, mas algo lento.
27. Oz Rally: defesa/médio de 27 anos, estreou-se no passado fim de semana.
16. Shlomy Azulay: médio-centro de 25 anos, ex-Beitar, ainda não foi utilizado (três jogos como suplente).
15. Dor Miha: pode fazer lateral ou extremo pela direita, ou até funcionar como interior direito. Sete jogos como titular.
28. Gil Vermouth: também fazia parte da equipa do Hapoel que venceu o Benfica há cinco anos. Alterna com Rikan e Chaim no «onze». Joga preferencialmente pela direita, mas com incursões constantes para perto do ponta de lança. Está a perder poder de explosão mas continua muito vertical.
33. Dan Glazer: médio de apenas 19 anos, só foi utilizado em dois jogos da Taça da Liga.
40. Nosa Igiebor: tem andado afastado das opções devido a um problema no joelho e assim privado a equipa de um médio-centro que tenha maior capacidade para aparecer em zonas de decisão. O antigo jogador do Betis tem três golos marcados esta época
10. Barak Itzhaki: utilizado em treze jogos, mas apenas três como titular, e ainda assim com três golos e duas assistências. Pode jogar como homem mais adiantado ou segundo avançado.
9. Ben Basat: titular em sete ocasiões, pode jogar como ponta de lança ou extremo. Neste cenário procura constantes diagonais para a área, com um estilo possante. Esteve em destaque na recente vitória sobre o Maccabi Haifa, ao saltar do banco para marcar na primeira intervenção.
99. Dejan Radonjic: emprestado pelo Dinamo Zagreb, já é um típico homem de área, alto e possante. Recrutado no final de agosto, o avançado croata foi suplente utilizado em dois jogos e depois lesionou-se.

ANÁLISE DETALHADA
 
TRAÇOS DE IRREGULARIDADE. Embora lidere a Liga israelita, o Maccabi Telavive tem sido bastante irregular nos regultados. O adversário do FC Porto já perdeu cinco pontos no campeonato, deixou fugir a Supertaça e também regista uma derrota no respetivo grupo da Toto Cup. Na Liga dos Campeões está ainda em branco no que diz respeito a pontos e a golos. Em 18 jogos soma oito vitórias, quatro empates e seis derrotas.
 
UM MURO QUE COMEÇA TORTO. O Maccabi tem adotado numa postura mais defensiva na Liga dos Campeões, como seria de esperar, mas a organização não tem sido muito fiável. A equipa oscila entre o 4x5x1 e o 4x4x2 nesse momento do jogo, mas esta variabilidade acentua a ineficácia da primeira linha de pressão. Seja ela feita apenas por Zahavi ou com a ajuda de um segundo elemento, o incómodo provocado aos adversários tem sido mínimo. E isso reflete-se nas linhas mais recuadas, onde a coesão não tem sido a desejável.

Organização defensiva em 4x1x4x1

Organização defensiva em...4x4x1x1
 
ATAQUE CURTO. Na tentativa de explorar as transições rápidas, mas sobretudo em ataque organizado, o poder de fogo do Maccabi parece reduzido. A mobilidade de Zahavi cria dificuldades aos adversários, mas muitas vezes sente-se falta de um complemento. Alguém que assuma-se como referência na área, ou um elemento que consiga fazer a ligação entre o bloco defensivo e o ataque. Talvez ambas as coisas, num problema agravado pelas lesões de Igiebor e Radonjic. O Maccabi é a segunda pior equipa da Liga dos Campeões em número de remates, e aquela que menos acertou na baliza.

UM FAROL CHAMADO ZAHAVI. Tantas vezes perdido na frente, Zahavi é o farol que a equipa procura sempre que possível. Após a recuperação de bola há preocupação imediata em lançar o capitão de equipa. Se a bola está no corredor central então Zahavi procura «terra de ninguém», nas costas dos médios adversários, alguns passos afastado dos centrais. Caso a bola seja recuperada na ala, então a estratégia passa por lançar logo um passe vertical pela linha, a pedir a diagonal de Zahavi.

Recuperação de bola, cabeça levantada logo à procura de Zahavi e passe vertical a pedir a diagonal

A REALIDADE PARA LÁ DOS NÚMEROS. Doze dos trinta e dois golos marcados pelo Maccabi surgiram através de lances de bola parada (38 por cento). Mas é precipitado concluir de imediato que a equipa israelita é poderosa no jogo aéreo. Na verdade apenas um destes tentos foi apontado de cabeça (por Ben Basat), e muitas vezes a opção até passa por jogar curto nos pontapés de canto ou livres laterais. E se tivermos em conta que o peso é ainda maior nos golos sofridos, então apontamos antes para alguma vulnerabilidade nas alturas: 12 dos 26 golos sofridos surgiram em lances de bola parada, o que corresponde a 46 por cento.


Cantos defensivos: três ou quatro jogadores soltos nas imediações do primeiro poste e o resto em marcação individual