Ponto forte: organização defensiva
Não se pode dizer que o BATE seja uma equipa fortíssima a defender, mas esse acaba por ser o aspeto mais positivo do adversário do FC Porto. Nos últimos dois meses apresenta um registo defensivo interessante, já com os jogos das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões incluídos: apenas oito golos sofridos, e só dois dos quais de bola corrida.

Ponto fraco: fraca qualidade técnica
O BATE está no lote das equipas mais fracas da fase de grupos da Liga dos Campeões, e apresenta um plantel com um nível técnico muito baixo, ainda para mais depois da saída do melhor jogador, Krivets. Mais do que nunca é difícil imaginar um jogador do BATE a resolver um jogo sozinho, e na principal competição europeia de clubes.

A figura: Mladenovic
Lateral esquerdo de 23 anos chegou à seleção principal da Sérvia em 2012, quando ainda era jogador do Estrela Vermelha. É um jogador muito ofensivo, utilizado até algumas vezes em posições mais adiantadas, mas que precisa definir melhor as jogadas no último terço do campo, para assumir influência nos golos e sobretudo nas assistências. A sua vocação ofensiva por vezes cria problemas na retaguarda, mas a capacidade técnica e a velocidade de execução deixam a ideia de que, noutro contexto mais competitivo, podia tornar-se um jogador interessante.

Onze base:



CHERNIK: contratado no início do ano, é um guarda-redes muito permeável, sobretudo em lances de bola parada. Qualquer livre que vá à baliza, por maior que seja a distância do remate, é um momento de aflição.

KHAGUSH: lateral ofensivo, que apesar de não ser muito evoluído tecnicamente tem grande resistência física e um espírito de enorme combatividade. Por vezes é utilizado em posições mais adiantadas, sempre pela direita.

POLYAKOV: jovem defesa de apenas 23 anos, que também pode atuar como lateral direito mas que atua preferencialmente como central, onde se exibe a um nível mais interessante.

FILIPENKO: não foi feliz no Spartak de Moscovo mas neste BATE é o líder do setor mais recuado. Esquerdino, é o elemento mais influente na primeira fase de construção de jogo.

LIKHTAROVICH: capitão de equipa, com 36 anos, atua habitualmente como «trinco». Procura proteger os centrais, embora com um raio de ação reduzido, e participação no processo ofensivo praticamente nula.

ALEKSANDR VOLODKO: no clube há seis anos, o camisola 8 tanto pode ser o médio mais fixo ou jogar como interior. Gosta de procurar assumir a condução do jogo, mas é bem mais competente nos equilíbrios defensivos.

ALEKSIEVICH: médio de 23 anos que joga sobretudo como interior pelo lado esquerdo, embora também possa fazer o papel mais central. Já é internacional «AA» pela Bielorrússia.

GORDEYCHUK: o camisola 62 do BATE parte normalmente dos flancos do ataque (direita, sobretudo), mas na prática funciona como um segundo avançado, com enorme mobilidade.

RODIONOV: «trintão», está no clube desde 2006, tirando um curto empréstimo ao Friburgo. É a referência ofensiva da equipa mas está longe de ser um goleador. O perfil, de resto, é de segundo avançado. Um jogador que se movimenta bem mas não muito eficaz junto à baliza.

PAVLOV: experiente, com 30 anos, parece ser o eleito para substituir Krivets no «onze». Pode jogar no tridente de meio-campo ou a partir dos flancos do ataque, mas procurando criar desequilíbrios na zona interior, como um falso «10». Como Krivets fazia, mas com menos qualidade.

Outras opções:
Gayduchik, jogador de 25 anos, tem substituído algumas vezes Polyakov no eixo da defesa, embora no último encontro o parceiro de Filipenko até tenha sido Tubic, o sérvio recentemente recrutado ao Krasnodar, que pode intrometer-se nesta «luta». A alternativa a Mladenovic, no lado esquerdo da defesa, é Maksim Volodko, jogador de 21 anos que à semelhança do titular é bastante ofensivo, e que por vezes é também opção para zonas mais adiantadas.
Para o tridente de meio-campo a principal alternativa é Olekhnovich, que esteve em destaque com duas assistências na eliminação do Debrecen. O camisola 23 também é utilizado ocasionalmente como lateral direito. Karnitskyi e Yablonski são outras possibilidades, mas pouco utilizadas.
O ucraniano Yakovlev é um nome a ter em conta se o plano passar por ter largura de jogo no ataque, pois é um elemento que procura muito os duelos individuais nos flancos. Signevich, por outro lado, é o plano B ofensivo: um avançado mais fixo, mais possante no jogo aéreo, um «trunfo» também para juntar a Rodionov quando o resultado não é favorável.

Análise detalhada:
Para além da diferença de qualidade entre as equipas, o FC Porto encontrará ainda um BATE à procura de nova identidade, por força da saída de Krivets, o seu melhor jogador, contratado pelo Metz nos últimos dias de mercado.

A equipa bielorrussa estava desenhada à volta do seu número 10, que tanto a jogar pelo meio, em 4x2x3x1, como a partir da ala esquerda, em 4x3x3, assumia sempre o papel de «playmaker». É preciso agora perceber qual será o novo figurino do BATE, que no primeiro jogo sem Krivets até ganhou fora de casa, mas na última jornada da fase regular do campeonato, num jogo aproveitado pelo técnico para algumas experiências. Depois, já a contar para o apuramento de campeão, o BATE não foi além de um empate caseiro com o Torphedo Zhodino.

Uma coisa é certa: sem Krivets o BATE perdeu o seu elemento mais valioso, o único jogador capaz de agitar o jogo, de fugir ao manual firmemente seguido pelos restantes colegas. É provável, de resto, que o 4x2x3x1 comece a ser mais raro, pela ausência de alguém capaz de assumir o papel de «10». O 4x3x3 tende, por isso, a estabilizar.

Em situação ofensiva a equipa orientada por Aleksandr Yermakovich costuma projetar os laterais, muito ofensivos (Khagush e Mladenovic). Uma tendência promovida também pelo recuo do «trinco» Likhtarovich para o meio dos centrais, no início das jogadas de ataque [imagem A]. Como Krivets tinha tendência para aparecer em zona central, e Gordeychuk funciona praticamente como um segundo avançado, junto de Rodionov, os laterais têm via aberta para subir no terreno.

Refira-se, de resto, que na segunda mão da eliminatória com o Debrecen o BATE experimentou mesmo um esquema de três centrais, libertando Khagush e Mladenovic para o ataque, quando o resultado era desfavorável.

No contexto atual o jogo exterior será mesmo o que merece um maior cuidado por parte do FC Porto, até porque os jogadores que atuam na zona central do meio-campo são pouco criativos e aparecem pouco em zonas de finalização.

Os médios interiores preocupam-se essencialmente em dar equilíbrio à equipa. Quando há tempo para se organizar defensivamente o BATE dispõe-se em 4x5x1 [imagem B], mas por vezes a transição do adversário apanha os extremos fora de posição, e isso é compensado pelos médios interiores. A movimentação de Krivets requeria muita atenção a esse aspeto, e seja qual for o substituto é provável que estes princípios se mantenham.

Nas bolas paradas ofensivas o BATE não tem sido uma equipa muito perigosa, não só pela falta de jogadores influentes a cobrar os lances, como também pela estatura mediana da maior parte dos jogadores que aparecem na área (tirando Filipenko). Já na vertente defensiva o adversário do FC Porto tem sofrido muitos golos desta forma, sobretudo por erros do seu guarda-redes.