Começou a segunda volta da Liga e, entre os três primeiros da classificação, só o Sporting venceu à 18ª jornada. Benfica e FC Porto perderam o seu segundo jogo do campeonato – coincidindo as respetivas derrotas na mesma jornada pela primeira vez na época.

Que papel tem a segunda volta na obtenção do título de campeão nacional? Como costumam as equipas dos treinadores comportar-se na segunda metade do campeonato? Retrocedemos dez temporadas (até à época 2004-05) e vemos que há tendências diferentes para os dois campeões desses dez anos: FC Porto e Benfica.

Assim como há tendências diferentes entre as equipas sem ter em conta a conquista do título, bem como são diferentes as médias entre treinadores. Para isso, recuperámos as classificações dos últimos dez campeonatos em relação aos três primeiros classificados para ver o comportamento nesses anos dos três primeiros da atual época.

2004-05 (18 equipas – 34 jogos)
Classificação final
1º Benfica, 65 (+ 3 pontos na 2ª volta)
2º Porto, 62 (=)
3º Sporting, 61 (- 1)
À 17ª jornada
Sporting, 31
Porto, 31
Benfica, 31

2005-06 (18 equipas – 34 jogos)
Classificação final
1º Porto, 79 (- 1)
2º Sporting, 72 (+ 12)
3º Benfica, 67 (- 1)
À 17ª jornada
Porto, 40
Benfica, 34
Sporting, 30

2006-07 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 69 (- 11)
2º Sporting, 68 (+ 2)
3º Benfica 67 (+3)
À 15ª jornada
Porto, 40
Sporting, 33
Benfica, 32

2007-08 16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 69 (- 7) [FC Porto tinha mais 6 pontos que foram retirados pelo processo Apito Dourado]
2º Sporting, 55 (+ 3)
3º V. Guimarães, 53 (+ 3)
À 15ª jornada
Porto, 38
Sporting, 26
V. Guimarães, 25

2008-09 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 70 (+ 8)
2º Sporting, 66 (+ 6)
3º Benfica, 59 (- 1)
À 15ª jornada
Porto, 31
Benfica, 30
Sporting, 30

2009-10 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Benfica, 76 (+ 4)
2º Sp. Braga, 71 (- 1)
3º Porto, 68 (+4)
À 15ª jornada
Sp. Braga, 36
Benfica, 36
Porto, 32

2010-11 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 84 (+ 2)
2º Benfica, 63 (- 3)
3º Sporting, 48 (- 8)
À 15ª jornada
Porto, 41
Benfica, 33
Sporting, 28

2011-12 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 75 (+ 1)
2º Benfica, 69 (-9)
3º Braga, 62 (=)
À 15ª jornada
Benfica, 39
Porto, 37
Braga, 31

2012-13 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Porto, 78 (=)
2º Benfica, 77 (- 1)
3º P. Ferreira, 54 (+ 4)
À 15ª jornada
Porto, 39
Benfica, 39
P. Ferreira, 25

2013-14 (16 equipas – 30 jornadas)
Classificação final
1º Benfica, 74 (+ 2)
2º Sporting, 67 (- 1)
3º Porto, 61 (- 5)
À 15ª jornada
Benfica, 36
Sporting, 34
Porto, 33

Como preâmbulo à análise dos números recuperamos também as declarações de Jorge Jesus do passado domingo – não para colocar em causa a convicção do treinador do Benfica, já que só classificação final do campeonato é que tem direito a fazê-lo – mas para especificar a tendência do Benfica nas segundas voltas já acontecidas.

«Acreditamos que vamos melhorar, porque temos vindo a recuperar jogadores (…) temos o perfil e a conjuntura indica que vamos melhorar ainda na segunda volta em relação ao que fizemos na primeira. O que não é fácil, mas nós acreditamos que somos capazes de fazer melhor

O Benfica ainda pode fazer melhor do que na primeira volta desta Liga, pois nos primeiros 17 jogos (deste campeonato novamente disputado em 34 jornada por 18 equipas), perdeu um e empatou outro entre 15 vitórias. Depois da derrota em Paços de Ferreira no primeiro jogo da segunda volta, para ser melhor nesta segunda metade da prova, a equipa de Jorge Jesus tem de ganhar todos os encontros que faltam no campeonato.

Fazer uma segunda volta melhor não significou (desde a tal baliza de 2004-05) ganhar sempre o título, quer para encarnados quer para dragões, mas, para o Benfica, foi fundamental: aconteceu com Trapattoni (no primeiro ano desta análise), como com Jesus (nos seus dois títulos nacionais pelo Benfica: em 2009-10 e na última época).



Quanto ao FC Porto, uma segunda volta melhor nem sempre foi essencial para ganhar o campeonato. Pelo contrário, os dragões estão perfeitamente equilibrados entre primeira e segunda partes dos campeonato ganhos nestas dez épocas: três com melhores primeiras voltas, três com melhores segundas e um com os mesmos pontos em ambas.

Voltando aos casos individuais, Jorge Jesus, nas cinco épocas completas de Benfica que o precedem na atual, só fez duas segundas voltas melhores do que a primeira – as tais em que foi campeão. Nos outros três campeonatos, o seu Benfica foi melhor na primeira metade e não ganhou o título.

Julen Lopetegui não pode ter termo de comparação, pois, o treinador do FC Porto que veio das seleções jovens espanholas repartiu o comando técnico do Rayo Vallecano (2003-04) quando orientou outro clube. Marco Silva é treinador principal desde 2001-12. A estreai foi feita já a meio da época com o Estoril.

O atual treinador do Sporting tem, assim, duas épocas completas como treinador em campeonatos disputados ao serviço do Estoril. E, em ambos, Marco Silva conseguiu uma segunda volta melhor do que a primeira.

Em 2012-13, o 7º classificado Estoril com 18 pontos em 15 jogos terminou no 5º lugar com 45 pontos no total das 30 jornadas. Na última temporada, a equipa de Marco Silva manteve o 4º lugar na dobragem da Liga até final, mas também melhorou dos 25 pontos em 15 jogos para os 54 finais com mais 15 partidas.