A selecção de Angola não tem Drogbas (Costa do Marfim; Chelsea), Obi Mikels (Nigéria; Chelsea) ou Etoos (Camarões; Barcelona), mas tem matéria suficiente e, em particular recente, depois de Manucho assinar pelo Manchester United, para não passar despercebida entre os habituais candidatos à Taça das Nações Africanas, que decorre no Gana. A demonstrá-lo está a terceira participação consecutiva na prova, onde nas duas edições anteriores chegou às fases finais, e, claro, a histórica qualificação para o Campeonato de Mundo da Alemanha.
O seleccionador Oliveira Gonçalves é um dos rostos do sucesso recente, um disciplinador que faz precisamente desta característica uma arma poderosa. «O segredo está na disciplina, no trabalho árduo e na preparação psicológica dos jogadores», começou por explicar, em entrevista à Reuters, este sábado.
José Eduardo dos Santos pagou do próprio bolso
Mas se o empenho é essencial para a obtenção de resultados, o dinheiro também. E é aqui que entra a Federação e, ainda, o presidente de Angola. «Dispomos de excelentes condições de trabalho. Recentemente estivemos em Portugal, no Algarve, onde realizámos o estágio de preparação para a CAN. Além disso, tanto a Federação como o governo dão bons prémios aos jogadores», assumiu o técnico.
Oliveira Gonçalves lembrou, a propósito, a generosa oferta de José Eduardo dos Santos aos 35 jogadores que contribuíram para a estreia de Angola num Mundial, em 2006: «O presidente deu a cada um, dos seus próprios recursos, uma casa no valor de cerca de 136 mil euros, além de todos os outros bónus. Isto motiva ainda mais os atletas. Felizmente, eles acreditam que só o facto de fazerem parte deste grupo e poderem representar o país é, desde logo, um prémio.»
E ainda que a parte financeira seja determinante, a selecção angolana, que empatou a uma bola com a África do Sul na jornada inaugural do grupo D, e que este domingo defronta o Senegal, é das poucas imunes às querelas que afectam muitas das outras equipas, mais preocupadas com o montante dos prémios do que com os jogos. «Isso nunca aconteceria com Angola, porque a primeira coisa que a Federação fez antes de disputarmos a CAN foi juntar os jogadores, falar sobre os bónus e determinar o seu valor», explicou o seleccionador.