Por: Francisco Sousa

Adversária de velhas batalhas com a seleção portuguesa, a Dinamarca volta nesta terça-feira a defrontar a equipa das quinas (para seguir aqui), num jogo que se espera de máxima tensão e intensidade. Primeira partida oficial do novo selecionador Fernando Santos, esta será também uma prova ao caráter do grupo português, ainda certamente marcado pelas derrotas frente aos escandinavos no caminho rumo ao Mundial sul-africano e também no apuramento para o último Campeonato da Europa.

Desta feita, a equipa orientada por Morten Olsen apresenta um conjunto com várias novidades face às convocatórias de 2008, 2011 (e já agora, face à do Euro 2012, onde Portugal os voltou a defrontar, tendo vencido por 3-2).

Jogadores como Bendtner, Kvist, Agger, Kjaer, Eriksen ou Schöne irão repetir convocatória mas desta feita há novidades que saltam à vista, quanto mais não seja pela sua idade e pelo estatuto de jovens promessas (Højbjerg, Braithwaite, Bech ou Yussuf Poulsen).

Corre, neste momento, um processo de renovação na seleção dinamarquesa, processo esse que, provavelmente, será muito mais abrangente depois do play-off de apuramento para o Euro sub-21. No fundo, a formação de Morten Olsen atravessa um período de rejuvenescimento relativamente semelhante ao da equipa lusa, se bem que, em média, a convocatória de Portugal seja de uma faixa etária mais velha do que a dinamarquesa (27,7 anos contra os 26,6 anos dos nórdicos).

É portanto uma equipa que representa uma interessante simbiose entre juventude e experiência, entre o talento e a irreverência do futuro, encarnado em jogadores como Eriksen, Højbjerg ou Braithwaite e o critério e ordem de elementos como Agger, Kvist ou Krohn-Dehli. Se formos a ver, praticamente todos os jogadores destacáveis da formação dinamarquesa atuam em grandes campeonatos, o que diz bem da qualidade da formação local.

O Maisfutebol falou com João Pereira, internacional sub-21 português e atualmente ao serviço do Velje BK, do segundo escalão do futebol dinamarquês, que ajuda a enquadra o nível desta seleção. «É uma equipa que pressiona e aperta bastante com os adversários. O futebol dinamarquês caracteriza-se pela disponibilidade física dos jogadores e destes destaco o Bendtner», refere o defesa luso. Para João Pereira, «poderá ser Bendtner o jogador mais decisivo, dado que se trata de um atacante forte e aguerrido».

«Vai dar tudo», acredita, acrescentando ainda que «jogadores mais técnicos como Eriksen fazem o contraste com esse futebol mais físico» e acrescentam qualidade à formação dinamarquesa.


Segue-se a análise individual do Maisfutebol às principais armas da equipa da Dinamarca. Passamos, então, a apresentar-lhes os principais obstáculos que Portugal poderá encontrar no encontro desta terça-feira, um por um:

Kasper Schmeichel: Aos 28 anos, está na altura de dar o pulo, assim como o seu pai Peter deu (já numa idade algo tardia, diga-se). Defende as redes do Leicester City e fá-lo regularmente com grande qualidade. Destro seguro, com bom jogo de pés e reflexos muito interessantes, é um guardião completo do ponto de vista físico, relativamente ágil, embora possa melhorar nalguns posicionamentos.

Peter Ankersen: Lateral destro, mas com recursos interessantes com o pé esquerdo, pode atuar nas duas laterais, ainda que o selecionador Morten Olsen o coloque preferencialmente na direita: a sua posição de origem, aliás. Lateral de projeção ofensiva e capaz de aparecer em zonas de remate, confere largura e profundidade em fase ofensiva, embora ainda deva melhorar nalguns momentos defensivos. Mais concentrado pode vir a tornar-se num lateral muito interessante.

Daniel Wass: O ex-benfiquista é um jogador polivalente, que tanto pode atuar nas laterais como na ala esquerda. Rápido, vertical e com um belíssimo pé direito, cobra livres diretos de forma irrepreensível. Provável suplente esta terça-feira.

Simon Kjaer: Central muito poderoso por alto, o jogador de 26 anos do Lille é um dos esteios da defesa dinamarquesa. Forte no desarme e autoritário, pode sofrer nalguns duelos individuais, sobretudo contra jogadores explosivos e velozes como Cristiano Ronaldo ou Nani. Fez dupla com Bjelland na Albânia.
Andreas Bjelland: Defensor do Twente, vem de algumas titularidades sucessivas na seleção dinamarquesa. Tal como os restantes companheiros, revela-se forte por alto, é robusto e sabe fechar a porta, embora meça mal o timing de entrada a certos lances.

Daniel Agger: Defesa experiente e com bom jogo aéreo, regressou à Dinamarca, para jogar no clube onde se formou (Brøndby). Não participou no desafio frente à Albânia por estar lesionado nas costas. Aborda os lances com sobriedade e mostra-se implacável em muitas situações, forte na interceção e no desarme.

Nicolai Boilesen: Tem apenas 22 anos, embora já faça parte das convocatórias da seleção dinamarquesa com regularidade desde 2011. Lateral-esquerdo fisicamente disponível e capaz de dar largura à equipa, pode melhorar a fechar mais por dentro. Chegou a ser recurso como central nalguns momentos, inclusive no último jogo na Albânia, embora apenas por breves instantes. Jogador em crescimento.

William Kvist: Médio-base da equipa dinamarquesa, atua no Wigan, do Championship inglês. Joga a partir da primeira zona de construção, embora possa ir subindo no terreno. Tem feito dupla com o promissor Højbjerg nos últimos encontros.

Pierre-Emile Højbjerg: Aos 19 anos, tem ganho a pulso o lugar no onze de Morten Olsen. Médio-centro com critério tático e uma boa qualidade de passe, sobe bem no terreno, podendo aparecer em posição de atirar à baliza. Defensivamente deve, porém, melhorar alguns conceitos, algo que com o tempo (sendo, sobretudo, treinado por Guardiola) irá, com certeza, melhorar.

Christian Eriksen: Provavelmente, a grande figura da equipa dinamarquesa. Aos 22 anos, o jogador do Tottenham é um dos médios ofensivos mais brilhantes do futebol europeu. Tecnicamente dotado, com bom remate e uma capacidade de rutura notável, destaca-se também pela inteligência com que se move no último terço do terreno. Craque.

Michael Krohn-Dehli: Pode jogar mais descaído na faixa ou por dentro, espaço que procura aliás explorar tendencialmente. Inteligente, criterioso com bola, taticamente rigoroso e com boa cabeça, é um dos jogadores mais inteligentes deste conjunto. A ida para Espanha (Celta de Vigo) só veio refinar o seu já de si requintado futebol.

Lasse Schøne: Criativo, móvel e com bom remate de meia-distância, é um dos elementos mais perigosos desta seleção. Boa técnica e qualidade na distribuição na segunda linha. Tem feito um início de época muito consistente no Ajax.

Thomas Kahlenberg: Antigo «10», passou a ocupar terrenos mais recuados desde que regressou ao campeonato dinamarquês, para representar o Brøndby. Criterioso ao nível do passe, marca bem bolas paradas (tanto ao nível do cruzamento, como do remate) e possui boa técnica. Médio-centro de caraterísticas ofensivas muito interessantes (e úteis!).

Nicklas Bendtner: É, provavelmente, o jogador mais badalado desta equipa da Dinamarca. Aos 26 anos, tenta ressurgir no Wolfsburgo, estando ainda longe, porém, dos melhores momentos da sua carreira. Poderoso fisicamente, faz bem de pivot na área, embora precise de afinar o remate. Tem andado afastado dos golos, mas ainda no passado sábado deu a preciosa assistência para o tento do empate de Lasse Vibe.

Martin Braithwaite: Um dos mais promissores avançados da Dinamarca. Estreou-se na seleção no ano passado, pouco depois de ter transitado para o Toulouse (onde ainda se mantém, aliás). Pode atuar como referência do ataque ou como segundo avançado. É rápido, tem mobilidade e mostra-se perspicaz na área contrária.

Yussuf Poulsen: Jovem lançado às feras por Morten Olsen no jogo do passado sábado, tem feito um início de época notável no Red Bull Leipzig (onde já apontou 6 golos em 7 jogos da 2.Bundesliga). Rápido, vertical e com boa técnica, aparece bastante bem em zonas de finalização. Mais um dos jogadores promissores da nova vaga dinamarquesa.

Lasse Vibe: Defrontou o Rio Ave recentemente na 3ª pré-eliminatória da Liga Europa e já aí mostrou toda a qualidade do seu futebol. Aos 27 anos, e depois de um ano tremendo no campeonato sueco, conseguiu finalmente afirmar-se ao nível da seleção. Rápido e móvel, este avançado revela-se exímio a atirar à baliza, rematando bem com os dois pés. Foi ele que deu o empate à Dinamarca na Albânia.

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