O principal responsável pela prospecção do Sporting, Aurélio Pereira, recordou à UEFA os tempos em que Cristiano Ronaldo, Bola de Ouro de 2008, chegou aos leões. O «olheiro» leonino admite que não é mágica na descoberta de talentos, mas que pressentiu que o camisola 7 do Manchester United «estava destinado a ser grande».
Aurélio Pereira explicou ao pormenor a chegada de Ronaldo a Alvalade. «O Nacional estava em dívida para connosco, devido à contratação ao Odivelas de um jogador que tinha representado o Sporting nos escalões de formação», revelou.
«O montante rondava os 25 mil euros e o Nacional propôs liquidar a dívida com um jovem jogador de 11 anos chamado Cristiano Ronaldo. O nosso observador na Madeira aprovou o negócio e eu concordei, depois de ver o atleta actuar durante um período experimental em Lisboa», prosseguiu o responsável leonino.
Aurélio Pereira viu o extremo e não teve grandes dúvidas sobre o seu potencial: «Percebi, desde o início, que poderíamos estar perante um excelente jogador no futuro e aquilo que consegue fazer hoje não me surpreende. Sei que não sou um mágico na descoberta de talentos como Cristiano Ronaldo, mas a experiência dizia-me que ele estava destinado a ser grande.»
Diferente de Figo
Pelos olhos daquele responsável do Sporting já passaram muitos golos, dribles, passes, de jovens à procura de singrarem na reputada formação leonina, na qual evoluíram dois Bola de Ouro: Figo e Cristiano Ronaldo.
Aurélio Pereira comparou o agora extremo do Inter, com o 7 do United: «O Figo desenvolveu o talento graças à sua personalidade forte e empenho. Acabou por se tornar num jogador fantástico, mas Ronaldo era um pouco diferente. Ele sempre foi o tipo de futebolista que quer ter a bola. Nem mesmo quando o treinador estava a falar ele parava de tocar na bola por um minuto que fosse.»
O internacional português dos red devils revelava também uma «maturidade precoce», como explica Aurélio Pereira. «Para além da técnica individual, Ronaldo revelou determinadas qualidades mentais que não estava habituado a ver em jovens de 11 anos», disse o responsável pela prospecção de Alvalade.
«Ele defrontou jogadores mais velhos e, mesmo quando estava sob pressão, era o primeiro a aconselhar calma aos colegas, ou seja, sempre mostrou uma maturidade precoce», sublinhou.
O resto Ronaldo tinha, ou seja, talento, que foi potenciado na Academia leonina. «No Sporting temos um princípio, que passa por dar aos jogadores o espaço que eles precisam para explanarem a sua criatividade, não interferimos nem os impedimos de fazerem o que gostam no relvado», disse Aurélio Pereira.
«Os jogadores, porém, devem ter a disciplina para perceberem a diferença entre simples individualismo e iniciativas individuais em prol da equipa», argumentou, concluindo que o Ronaldo que brilha em Old Trafford, é o mesmo rapaz que chegou a Lisboa com apenas 11 anos: «Quando o vejo jogar, é como se ainda estivesse a olhar para o jovem que maravilhava tudo e todos em Alvalade.»