1. Características. Bueno tem mais argumentos para a posição que ocupa do que Bruno Alves possui para a sua. Apesar da boa temporada do central do F.C. Porto - e de ter colocado um dos capitães de equipa no banco -, são poucos os que não acham que o antigo internacional sub-21 seja o elo mais fraco da defesa. Forte e alto, tem no choque e no jogo aéreo as principais armas. Com Pepe a ter provavelmente de se ocupar da velocidade e irreverência de Yannick e com Paulo Assunção a não poder deixar Nani fora do seu campo de visão, Bruno Alves vai estar sob mais pressão que habitualmente. Porque não desiste facilmente, porque é rápido e porque tem argumentos técnicos de alguma valia, Bueno não deverá ser presa fácil. E se tiver mais frieza do que habitualmente até pode mesmo estar num dos centros de decisão da partida.
2. Moral. Quanto tempo demora a esgotar-se o moral de ter marcado quatro golos num jogo. Um, dois, três jogos? Quanto tempo demora a desaparecer aquela sensação que coloca um jogador no topo do mundo? Três, quatro jogos sem marcar? Paulo Bento nem terá de fazer muito para devolver ao uruguaio a confiança para jogar bem no Dragão. Nem a ele nem a ninguém. Quis o calendário que, cinco encontros depois da goleada ao Nacional, surgisse um daqueles jogos que todos querem jogar, em que todos querem marcar. Para voltarem a ser o centro do planeta. Bruno Alves até tem feito uma boa época, mas duvida-se que esteja num momento de confiança inabalável, capaz de evitar todos os potenciais momentos de desconcentração, ou julgar-se de todo intransponível. E estejam as coisas a correr bem ou mal ao avançado do Sporting uma coisa é certa: ele não vai parar de correr!
3. Personalidade. Ambos são irreverentes. A época regular de Bruno Alves faz diluir a imagem de dureza excessiva que sempre teve. Carlos Bueno é agressivo de outra forma, raramente desiste de uma bola. Ambos, por vezes, perdem a clarividência, mas enquanto no uruguaio isso se reflecte num remate torto ou numa grande oportunidade perdida, no central traduz-se num erro táctico ou numa entrada desesperada. E, para um defesa, os custos são mais altos. O avançado é daqueles que chateiam, chateiam e voltam a chatear. Um bom teste para a capacidade de resistência do portista.