Perante o avanço indomável do 4x4x2 (em versão clássica ou na amplificação «losango»), o 4x3x3 perde espaço. O sistema que potencia a exploração dos extremos vem cedendo terreno em oposição aos esquemas mais pragmáticos e povoadores das zonas interiores do rectângulo de jogo.
O título europeu da Armada Invencível liderada pelo truculento Luís Aragonés simboliza o triunfo de uma nova leitura táctica ao jogo. A Espanha apresentou um futebol extremamente fluído, elegante e alicerçado no altruísmo de um médio-defensivo (Marcos Senna) e na habilidade e movimentação dos restantes: David Silva, Xavi e Iniesta (Fabregas foi quase o 12º jogador da equipa).
No Campeonato da Europa de 2008, de resto, apenas seis das 16 selecções esbateram a opção eloquente pelo 4x4x2 ou por alguma das suas variáveis. E cinco dessas excepções recorreram essencialmente ao 4x3x3. Sem grande sucesso, porém. Roménia, Polónia e Rep. Checa não passaram da primeira fase; Holanda e Portugal quedaram-se pelos quartos-de-final.
Apesar do aparente insucesso, a nossa Selecção Nacional continua a ter o 4x3x3 como o seu sistema predilecto nesta nova era-Queiroz. Tal explica-se, aparentemente, pela suprema qualidade dos extremos lusos: Cristiano Ronaldo, Simão, Nani e Quaresma, os mais utilizados, são nomes incontornáveis no panorama maior do futebol europeu.
Confira, equipa a equipa, a estrutura mais vezes utilizada no Europeu:
Portugal: 4x3x3 (Ricardo; Bosingwa, Ricardo Carvalho, Pepe e Paulo Ferreira; Petit, João Moutinho e Deco; Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes e Simão)
Suíça: 4x4x2 (Diego Benaglio; Lichsteiner, Senderos, Muller e Magnin; Behrami, Inler, Gelson e Barnetta; Hakan Yakin e Derdyiok)
Rep. Checa: 4x3x3 (Petr Cech; Grygera, Ujfalusi, Rozehnal e Jankulovski; Galasek, Jarolim e Polak; Sionko, Jan Koller e Plasil)
Turquia: 4x4x2 (Volkan Demirel; Hamit Altintop, Gokhan Zan, Servet Cetin e Hakan Balta; Mehmet Topal, Mehmet Aurélio, Arda Turan e Tuncay Sanli; Nihat Kahveci e Semih Senturk)
Áustria: 3x5x2 (Jurgen Macho; Prodl, Stranzl e Pogatetz; Garics, Leitgeb, Aufhauser e Korkmaz; Ivanschitz; Harnik e Linz)
Croácia: 4x4x2 (Pletikosa; Corluka, Robert Kovac, Simunic e Pranjic; Srna, Niko Kovac, Modric e Rakitic; Kranjcar e Olic)
Alemanha: 4x3x1x2 (Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder e Lahm; Schweinsteiger, Frings e Hitzlsperger; Ballack; Klose e Podolski)
Polónia: 4x2x3x1 (Boruc; Wasilewski, Zewlakow, Dudka e Golanski; Murawski e Lewandowski; Lobodzinski, Guerreiro e Krzynowek; Smolarek)
Holanda: 4x2x3x1 (Van der Sar; Ooijer, Bouhlarouz, Mathijsen e Van Bronckhorts; Engelaar e De Jong; Kuyt, Van der Vaart e Sneijder; Van Nistelrooy)
Itália: 4x3x1x2 (Buffon; Zambrotta, Panucci, Chiellini e Grosso; Gattuso, Pirlo e De Rossi; Perrotta; Cassano e Luca Toni)
Roménia: 4x3x3 (Lobont; Contra, Goian, Tamas e Rat; Chivu, Codrea e Cosis; Mutu, Daniel Niculae e Nicolita)
França: 4x4x2 (Coupet; Sagnol, Thuram, Gallas e Evra; Ribery, Toulalan, Makelele e Malouda; Henry e Benzema)
Espanha: 4x1x3x2 (Casillas; Sergio Ramos, Marchena, Puyol e Capdevila; Marcos Senna; David Silva, Xavi e Iniesta; David Villa e Fernando Torres)
Rússia: 4x4x1x1 (Akinfeev; Anyukov, Ignaschevitch, Kolodin e Zhirkov; Semak, Ziryanov, Semshov e Saenko; Arshavin; Pavlyuchenko)
Suécia: 4x4x2 (Isaksson; Stoor, Mellberg, Hansson e Nilsson; Elmander, Svensson, Andersson e Ljungberg; Ibrahimovic e Larsson)
Grécia: 5x3x2 (Nikopolidis; Seitaridis, Kyrgiakos, Antzas, Dellas e Torosidis; Basinas, Katsouranis e Karagounis; Charisteas e Amanatidis)