Normalmente, os grandes clubes portugueses enviam antigos jogadores-referência, apelidados de velhas guardas, às suas casas no estrangeiro, para poderem partilhar histórias do passado com emigrantes, que vivem o clube com grande fervor, mas fora do país.
Pois bem, o Benfica apresentou uma solução diferente por estes dias, decidindo atribuir a Mantorras essas funções. Aos 26 anos, o avançado angolano já é encarado como um representante do clube fora de campo, uma espécie de diplomata júnior.
Assim aconteceu durante o fim-de-semana nos Estados Unidos, com Pedro a servir de estrela no 38º aniversário do Sport Newark e Benfica, e o mesmo vai suceder na próxima segunda-feira em Bissau, com o jogador encarnado a cumprir uma visita de dois dias no âmbito da entrega de brinquedos às crianças do orfanato «Casa Emanuel».
É verdade que se trata de alguém com um estatuto especial, mas talvez fosse melhor o clube esclarecer quais são, afinal, as reais funções deste activo no plantel de Quique Flores. Já se sabe que o espanhol não conta com Mantorras, muitas vezes nem sequer nos treinos, e se alguém o viu jogar esta época foi na Liga Intercalar (até marcou ao Torreense). A dura realidade é esta: não joga pela equipa principal há meio-ano, mais concretamente desde que fez 24 minutos na 29ª jornada da época passada...
Pedro é um rapaz que tem sofrido muito na sua carreira desportiva. Cedo foi transformado em esperança benfiquista (com direito a rótulo de novo Eusébio), ganhou o seu espaço, foi cobiçado, transformou-se em herói nacional angolano, mas as lesões atormentaram-no. Foi dado como acabado para o futebol, mas nunca desistiu e quando alguém pergunta sobre o seu futuro há sempre quem acredite no seu regresso.
Essa possibilidade parece ter acabado, não porque surgiu mais um relatório médico do especialista de Barcelona, mas porque o Benfica lhe desenhou um outro destino.
«Futebolfilia» é um espaço de opinião da autoria de Filipe Caetano, jornalista do PortugalDiário, que escreve aqui todas as quartas-feiras e sábados