«Chego lá, passam-me a bola e eu faço golo». Nos sonhos é assim. Para Suazo esteve perto de ser exactamente assim. Na estreia pelo Benfica marcou aos 16 minutos, de cabeça. Não contava é com o resto da história, próxima de um pesadelo. Maisfutebol passou os 90 minutos do jogo de Nápoles, para a Taça UEFA, a olhar para o avançado hondurenho e conta-lhe como foi.
A observação foi feita pela televisão e no caso de Suazo fica a ideia que perdemos muito. Para aparecer no sítio certo, como sucedeu em quase todas as ocasiões que lhe deram a bola, é preciso desenhar bons movimentos, coisa que raramente víamos.
Suazo até começou de uma forma imprópria esta partida na UEFA. Logo no primeiro minuto foi ao chão. Levantou-se e no instante seguinte ganhava a primeira bola de cabeça. Um sinal do que viria depois. Atá ao golo, o ex-jogador do Inter tabelou com Dí Maria, rematou (aos 12 minutos) e foi batido pelo ar, no meio-campo.
Este último lance sucedeu aos 14 minutos. Pouco depois estava de braços no ar. O canto saiu da esquerda e Suazo disse «sim», bem no centro da grande área, mais forte do que Santacroce. Era o tal começo de sonho no primeiro jogo com a camisola do Benfica. Poucos jogadores, ao longo da história rica do clube, terão precisado de apenas 16 minutos para fazer um golo pelo clube. Já agora fica o desafio ao leitor: sabe de quem o tenha feito mais depressa que Suazo? Deixe a informação lá em baixo. Na caixa de comentário Hernâni marcou o golo mais rápido de um estreante na Europa, em 1988, aos 8 minutos de um Montpellier-Benfica.
Voltemos ao jogo. Quando a bola regressa a Suazo, aos 25 minutos, já a festa era italiana. O avançado cometeu a primeira falta, a meio-campo, sinal de que as coisas estavam mesmo difíceis. O hondurenho é um dos primeiros a reagir e à passagem da meia hora entra em grande estilo pela grande área, sobre a esquerda. Cai ao passar por Santacroce, mas o jogador do Nápoles está inocente.
Um jogo acalma um pouco. Suazo soma quatro erros até aos 37 minutos. Perdas de bola e faltas. Também vai ao chão, empurrado por um adversário. Corta uma bola à entrada da área do Benfica. Faz um passe para Yebda, outro para Dí Maria, que está fora-de-jogo. Intervalo. Difícil pedir mais no regresso para o balneário.
Logo em Itália
A segunda parte foi bem pior. Entra com um passe atrasado e duas perdas de bola. Até aos 60 minutos, quando ensaia uma arrancada que termina em nada, ninguém repara em Suazo. O Benfica prolonga a agonia da primeira parte e sofre o 3-1. A bola distancia-se do ataque.
Passa longos minutos fora do jogo. Os movimentos nunca são correspondidos pelos colegas. Aos 70 segura a bola no ataque, à espera de uma falta que não aparece. No minuto seguinte é varrido por Contini do outro lado do campo. Uma falta vinda do futebol de outros tempos, quando os defesas estavam autorizados a bater em tudo o que mexia. Ainda falta muito tempo para o final, mas para o avançado do Benfica a história termina ali.
Quique Flores já tinha esgotado as substituições. Suazo aguenta e honra a nova camisola. Mas pouco mais faz do que passes laterais. Compreende-se, mal conseguia mover-se, quanto mais jogar futebol. Balboa ainda se aproxima do 3-3, mas já nada evitará o final infeliz para o sonho de Suazo. Rematou duas vezes, fez um golo na estreia, mas o Benfica perdeu na Europa. E logo em Itália.
NOTA: esta é uma análise feita exclusivamente com base nas imagens televisivas do Nápoles-Benfica (Sport TV). Pretende ser um olhar atento e razoavelmente objectivo sobre as acções com bola de um jogador, nesta partida. Só isso.