A apresentação do novo treinador do Beira Mar, Francisco Soler, serviu para a Direcção do emblema aveirense revelar alguns pormenores da parceria com a Inverfutbol. Em traços gerais, a empresa espanhola irá assumir todos os gastos com os salários do treinador e do seu adjunto, assim como em relação aos dos jogadores que irá colocar em Aveiro. Mas em troca, foi imposto um treinador da sua confiança e isso teve como preço o afastamento de Carlos Carvalhal.
«A nossa autonomia mantém-se e, se calhar, até foi alargada», assegurou o presidente Artur Filipe, que justificou o acordo com a necessidade de «resolver o futuro com antecedência». O líder beira-marense deixou, todavia, as explicações mais detalhadas para o presidente-adjunto Caetano Alves, o principal artífice desta parceria. «Todas as partes ganham com este negócio. O Beira Mar ganha a possibilidade de ter, sem ultrapassar o seu orçamento, inferior a cinco milhões de euros, jogadores com outro tipo de valor sem termos de lhes pagar os ordenados. Já a Inverfutbol tem a possibilidade colocar os seus activos numa montra e de os valorizar», esclareceu o dirigente, sem esconder que os atletas não pertencerão aos quadros do Beira Mar.
A saída de Carvalhal foi justificada como uma inevitabilidade, face à imposição dos investidores de um treinador da sua confiança. «A Direcção tentou manter a actual equipa técnica até onde foi possível mas, como em todas as negociações, teve de haver cedências», lamentou Caetano Alves, que garantiu que o Beira Mar terá sempre direito de veto na escolha do treinador.
Sem saída
A parceria com a empresa espanhola foi definida como uma das saídas possíveis - para não dizer a única - para um clube em situação financeira muito delicada. «Estamos em situação crítica e a solução foi este acordo. Penso que foi a melhor opção», sustentou o vice-presidente do Beira Mar, José Cachide, garantindo ainda que o clube «não foi hipotecado». O acordo com a Inverfutbol terá vigência até ao final da época, podendo ser renovado caso o Beira Mar se mantenha na Liga, o mesmo acontecendo com o vínculo de Francisco Soler.
Quanto a Carlos Carvalhal, ainda não assinou a rescisão, embora tal esteja para breve. «Está na fase final de elaboração. Somos todos homens de palavra e, por isso, não haverá problema», esclareceu José Cachide, aproveitando para reiterar que as capacidades do ex-técnico dos aveirenses nunca estiveram em causa. «Era uma mudança pela qual o Beira Mar tinha de inevitavelmente enveredar», sustentou.
O dirigente deixou ainda algumas pistas quanto aos possíveis reforços. «Há um jogador, estrangeiro mas que já jogou em Portugal, que estava referenciado pelo Carvalhal e que, afinal, até poderá vir para cá através do fundo de investimento.» Ao que o Maisfutebol apurou, o jogador em causa poderá ser o avançado William Sousa, que esteve recentemente no Boavista. Outro atleta que deverá rumar a Aveiro é o jovem (20 anos) Diego Saporo, ponta-de-lança dos quadros da Inverfutbol, que estava na equipa B do V. Setúbal e hoje mesmo rescindiu contrato com os sadinos.