O Benfica cumpriu a sua missão, venceu o Leixões (2-1), e vai ficar agora à espera do desfecho do clássico do Dragão, para saber de que lado tira partido. O Leixões voltou a ser digno, mas não conseguiu fazer história. À vitória no Dragão e em Alvalade, não se seguiu outra surpresa na Luz. Um autogolo de Élvis abriu caminho a um triunfo muito suado das «águias», que acabaram com dez elementos e em sofrimento.
O Benfica entrou em campo disposto a mostrar que as feridas da derrota com o rival já tinham sarado. Sem o castigado Yebda e o lesionado Suazo, Quique Flores colocou (finalmente) Rúben Amorim no miolo e juntou Reyes e Di María na equipa titular. Com Aimar e Cardozo também em bom plano nos minutos iniciais, o futebol ofensivo das «águias» não tardou a apresentar melhorias, comparativamente aos últimos jogos.
As melhorias acabariam mesmo por dar frutos, nem tardou muito, ainda que com autor improvável. Reyes cruzou da esquerda e um outro rei, Élvis, estreou-se a marcar na Liga, ainda que no lado errado. O central do Leixões, com Cardozo a pressionar nas costas, desviou para a sua baliza o cruzamento do espanhol (16m).
Logo a seguir o Benfica esteve perto de aumentar a vantagem, com um belo pormenor de Luisão, a fazer pontapé de bicicleta dentro da área, mas a bola a passar a milímetros do poste (22m). O lance, contudo, assinalou uma quebra no ímpeto inicial do Benfica. Mérito também do Leixões, claro, que subiu no terreno e aproximou-se da baliza de Moreira, ainda que sem conseguir grande objectividade na hora de mirar a baliza. Também por isso José Mota decidiu, ainda antes do intervalo, tirar Braga para ganhar uma referência ofensiva: Rodrigo Silva. Quique Flores também mexeu no «onze», mas forçado a tal. Rúben Amorim lesionou-se e foi rendido por Carlos Martins.
O trunfo do banco e o dilema das vantagens folgadas
O segundo tempo começa com o Benfica de novo por cima, e com Reyes a ter oportunidade de marcar, valendo ao Leixões a intervenção de Beto (47m). Desta vez, contudo, o «pressing» encarnado durou menos e a equipa visitante voltou a crescer, à procura do empate. Diogo Valente surgiu solto à entrada da área, aos 57 minutos, mas a bola fugiu-lhe para o pior pé, o direito, e a oportunidade perdeu-se.
Quique percebeu que era preciso mexer na equipa e tirou Reyes, para a entrada de Nuno Gomes. Numa altura em que ainda se discute o processo de renovação do 21, este deu a melhor resposta possível. Sete minutos depois de ter entrado, Nuno Gomes aproveitou um cruzamento de Cardozo (de pé direito!), e de cabeça fez 2-0.
Com dois golos de vantagem, Quique Flores decidiu lançar Balboa, mas esqueceu-se de algo que ele próprio já tinha alertado. O Benfica gere mal vantagens de dois golos. E a quinze minutos do fim Rodrigo Silva marcou para o Leixões. Para além disso, logo a seguir Carlos Martins saiu lesionado. O Benfica tinha de segurar o triunfo com apenas dez elementos.
Os últimos minutos foram de muitos nervos, até nos bancos, mas o Benfica lá conseguiu segurar três pontos preciosos, e evitar que o Leixões fizesse história, como a primeira equipa a ganhar na casa dos três «grandes», na mesma temporada.