As estreias nem sempre são momentos irrepetíveis. Por vezes surge uma segunda oportunidade para começar de novo, ou pelo menos para trocar as lágrimas por um sorriso.
 
Rui Fonte jogou pela primeira vez no Estádio da Luz a 4 de fevereiro de 2013. Poucos dias depois de ter assinado pelo Benfica, o avançado foi titular na receção da equipa B ao União da Madeira, mas sofreu uma lesão grave no joelho direito. A aventura no outro lado da Segunda Circular (esteve vários anos ligado ao Sporting) não podia começar pior.
 
Fonte esteve catorze meses afastado da competição. O regresso no final de 2013/14 foi apenas a preparação para o nível apresentado na presente temporada, no Benfica B. É, nesta altura, o melhor marcador marcador da II Liga (Tozé Marreco também soma 14 golos, mas com mais minutos de utilização). O empréstimo de Nélson Oliveira ao Swansea abriu-lhe as portas da equipa principal, e Rui Fonte teve direito a uma segunda estreia. Voltou a jogar no Estádio da Luz, mas agora pela equipa principal, e desta vez saiu feliz. Esteve em campo apenas 45 minutos, mas sofreu a grande penalidade que abriu caminho à goleada sobre o Arouca (4-0), para a Taça da Liga. E agora, dois anos depois da lesão grave, o infortúnio parece ter valido a pena.
 
 

Sonho tornado realidade! 🙏

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«Pode parecer mal dizer isto, mas as coisas acontecem por alguma razão, e se calhar aquela lesão foi boa. Ele ficou mais forte, mais maduro. Como suporte para voltar em grande, como voltou», diz José Fonte à MF Total.
 
O internacional português do Southampton não viu o jogo do irmão mais novo, uma vez que por essa altura estava a ser o melhor em campo na vitória sobre o Ipswich (0-1), para a Taça de Inglaterra. Mas assim que foi possível ligou para Lisboa, e do outro lado da linha encontrou palavras de satisfação. «Estava feliz. Primeiro pela vitória, e depois por sentir que o jogo lhe correu bem. Esteve no lance do penálti, e se não fosse falta tinha marcado», afirma José Fonte.
 
O central garante que o irmão «não ficou afetado» pelo lance que quase lhe proporcionava um golo na estreia, mas que em vez disso deixou o Arouca em inferioridade numérica e permitiu a Pizzi inaugurar o marcador. «Ele estava feliz pela equipa, é um jogador de equipa. Claro que o golo seria a cereja no topo do bolo, mas estava tranquilo», acrescenta.
 
Integrado há uma semana nos treinos da equipa principal (esteve um mês parado devido a uma lesão sofrida pela equipa B), Rui Fonte está agora «com vontade de trabalhar para ter mais oportunidades» com Jorge Jesus.
 
«Não podia ter um treinador melhor para o potenciar», considera José. «Jesus tem essa capacidade, e já o demonstrou com vários jogadores. Pode fazer dele um jogador melhor. Tenho confiança de que o Rui vai ser feliz no Benfica», acrescenta.
 
O treinador do Benfica já disse publicamente que vê Rui Fonte sobretudo como um segundo avançado, posição em que foi utilizado frente ao Arouca.
 
«É um jogador inteligente, como Jesus disse. Pode jogar em qualquer posição. Já jogou na esquerda, na direita, a médio-centro. Na frente rende mais, seja a segundo avançado ou ponta de lança. Joga bem de costas, lança bem os colegas», analisa o internacional português.
 
Sete anos mais velho, José Fonte olha para o irmão com enorme orgulho. O trajeto profissional é semelhante, de resto. O percurso de formação no Sporting, a passagem pelo Sacavenense, e nos currículos repetem-se também as experiências no Crystal Palace e no Vitória de Setúbal. Para além do Benfica, claro.
 
Depois de ter deixado o Sporting, onde não chegou à equipa principal, José Fonte conseguiu abrir as portas da Luz. Não chegou a jogar oficialmente de águia ao peito, mas construiu uma carreira sólida no futebol inglês, e aos 30 anos chegou a internacional. Rui também não conseguiu chegar à equipa principal do Sporting, mas o Benfica voltou a ver potencial num dos filhos de Artur, antigo jogador de Penafiel e Belenenses, entre outros. Rui até já tinha jogador de águia ao peito, quando tinha sete anos, mas apenas aos sábados, nas escolinhas de recreação.
 
Com passado significativo nas seleções jovens, Rui construiu um rótulo de grande promessa para a frente de ataque da equipa das quinas. Aos 24 anos ainda é visto assim por muitos. Basta pensar em referências recentes de Paulo Bento ou Fernando Santos. Mas o irmão, que conseguiu chegar à seleção, acredita que o futuro será risonho.
 
«Sou a pessoa que mais acredita nele, e ele está a acreditar no seu valor. O segredo é trabalho. Trabalhar mais do que os outros. Tem talento, inteligência, sabe estar fora de campo. Cuida-se muito, até na alimentação. Agora é trabalhar», aconselha o jogador do Southampton.
 
A concorrência é forte, e a exigência é elevada, mas Rui Fonte reentrou na luta.

 
 

Nunca Duvidei!!!Never doubted!!! You deserve it and it was the first of many!! @ruifonte_83 vamoss!!!

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