Quem não mata... morre. O lugar-comum é tão comum que não pode deixar de ser utilizado para descrever o empate cedido em casa pelo Boavista frente ao Marítimo. Uma mão cheia de oportunidades para selar o triunfo apenas não foi suficiente porque entre os postes da baliza insular esteve um senhor de nome Marcos, que impediu os axadrezados de conquistarem os três pontos e darem um passo de gigante na corrida pela Taça UEFA da próxima época.
Seis jogos consecutivos sem vencer para o campeonato são a marca atingida este domingo pelo Boavista, ao empatar a uma bola com o Marítimo. A pantera dominou, dominou, mas não conseguiu desferir a estocada final e tem de se contentar com um ponto que, ainda assim, lhe permite aumentar para três pontos a vantagem em relação ao sexto classificado do campeonato, o Nacional da Madeira, derrotado sexta-feira na deslocação a Braga.
Já se sabe que o futebol não é um exemplo perfeito de justiça. Se o fosse, o Boavista teria capitalizado pelo menos uma das muitas oportunidades de que dispôs na segunda parte para dar sequência ao golo obtido por Paulo Jorge, logo aos 10 minutos da partida. Foram três as defesas quase impossíveis realizadas por Marcos a remates de João Pinto, Ricardo Silva e Oravec e outros tantos remates dos avançados boavisteiros que não levaram a direcção certa. No eterno jogo dos «ses», o Marítimo teria saído derrotado do Bessa se não fosse a única jogada decente que protagonizou durante toda a segunda parte e que castigou uma terrível falta de atenção do conjunto da casa. Um livre a favor dos axadrezados resultou num contra-ataque simplesmente letal por parte dos insulares, que Zé Carlos aproveitou para mostrar que não é de «ses» nem de justiças que se constroem resultados positivos.
De boas intenções
O Boavista entrou bem no encontro e Paulo Jorge cabeceou ainda melhor para o fundo das redes de um Marítimo totalmente apático e a ver jogar durante os primeiros 20 minutos. A reacção insular surgiu, é verdade, pelos pés de Marcinho, mas os seus companheiros não mostraram o mínimo de eficácia na altura de rematar à baliza e o descanso chegou com uma vantagem justa para os homens da casa.
Ulisses Morais procedeu a duas alterações ao intervalo e parecia que a sua equipa ia regressar ao relvado ainda com mais vontade de atacar a baliza de Khadim, que substituiu o lesionado William. Mas as intenções não passaram disso mesmo. Foi o Boavista que voltou mais dinâmico, mais dominador e mais rematador. Tão rematador que Marcos não teve outra hipótese que não tornar-se no homem do encontro e a sua inspiração é o único motivo que dá algum sentido ao que se passou no minuto 75. Livre a favor do Boavista, contra-ataque do Marítimo conduzido por Kanú, ligeiro toque de Zé Carlos a lançar Filipe Oliveira na direita e assistência perfeita do médio português para o tal «Zé do Gol» fazer valer a sua alcunha.
A tarefa insular estava cumprida, a pantera pôs as garras de fora e partiu em busca do segundo golo, mas a tranquilidade nunca mais foi a mesma. Carlos Brito podia ter arriscado mais (Fary não saiu do banco), os adeptos não gostaram de ver o capitão João Pinto ser substituído e o empate manteve-se até ao final. Por obra e graça de São Marcos do Funchal.