Cannavaro: o pequeno central que Maradona abençoou

Fabio Cannavaro, o vencedor da Bola de Ouro de 2006, é o primeiro defesa a conquistar o troféu nos últimos dez anos, e apenas o terceiro ao longo de 51 edições. Antes dele, apenas Matthias Sammer, em 1996, em Franz Beckenbauer, em 1972 e 1976 tinham conseguido intrometer-se num reino habitualmente povoado por avançados e médios de ataque.
O capitão da selecção italiana que conquistou o Mundial-2006 é o exemplo máximo de um ditado futebolês até agora desconhecido: os centrais não se medem ao palmo. Apesar do seu 1,76m, é raro ver o defesa italiano a ser ultrapassado pelos ares ou pelo chão pelos avançados contrários. Aos 33 anos, chegou ao topo na escala de notoriedade, conduzindo a Itália ao título do Campeonato do Mundo, antes de trocar a Juventus pelo Real Madrid.
Filho de Nápoles, onde nasceu a 13 de Setembro de 1973, Cannavaro começou a jogar futebol aos 8 anos, no Italsider di Bagnoli, antes de ingressar, três anos mais tarde, no clube que Maradona catapultou para o sucesso. O astro argentino e o italiano Ciro Ferrara foram dois nomes marcantes no crescimento de vencedor da Bola de Ouro de 2006, segundo relata o seu sítio oficial na Internet. O defesa Ferrara era o seu modelo, enquanto Maradona lhe deu um passaporte para o sucesso. Ainda jovem, cruzou-se num treino com o «Pibe de Oro» e não só não se poupou a esforços, como ainda deixou a sua marca com algumas entradas duras. Foi chamado à atenção pelos dirigentes do Nápoles, mas Maradona aplaudiu a sua entrega, misturada com agressividade: «É assim mesmo».
Estreou-se na primeira equipa do Nápoles em 1993, frente à Juventus, outro emblema que viria a defender no futebol italiano. Respirou classe desde tenra idade, compensando as limitações de estatura com velocidade e sentido posicional muito acima da média. Passou pelo Parma, formando um bloco defensivo invejável com Buffon e Thuram, bloco esse que viria a ser reeditado na Juventus, até ao último defeso. Ao serviço do conjunto parmesão despertou a atenção dos responsáveis da selecção nacional, onde se estreou a 22 de Janeiro de 1997, depois de dois títulos europeus conquistados nos sub-21. Sucedeu a Paolo Maldini como capitão da «squadra azzurra», quando o defesa do AC Milan se despediu da selecção, em 2002.
Nessa altura, jogava no Inter de Milão, ao serviço do qual defrontou o Benfica, em 2004, mas as melhores momentos na Série A estavam reservados para a passagem pela Juventus, que representou de 2004 a 2006. Antes de mais, teve a oportunidade de partilhar o balneário com o ídolo da adolescência, o modelo Ciro Ferrara. Conquistou dois títulos do campeonato italiano sob o comando de Fabio Capello, que o levou para Madrid quando a equipa de Turim foi relegada para o segundo escalão. Aos 33 anos, experimenta pela primeira vez o estrangeiro, aceitando um convite irrecusável para representar uma das melhores equipas de um dos melhores campeonatos do Mundo. Um casamento perfeito, por tanto, num ano inesquecível.
Carreira de Fabio Cannavaro:
Nápoles (de 1992/93 a 1993/94); Parma (de 1994/95 a 2000/01); Inter de Milão (2001/02 a 2004/05); Juventus (de 2004/05 a 2005/06); Real Madrid (desde 2006/07)