Carlos Queiroz considera que os objectivos traçados para a primeira etapa da preparação para o Campeonato do Mundo foram alcançados. O seleccionador falou de um maior equilíbrio entre os jogadores que somaram muitos minutos ao longo da temporada e os que jogaram pouco e, agora, já na África do Sul, o foco vai incidir sobre os detalhes e na construção de um onze titular para abordar o primeiro jogo com a Costa do Marfim, marcado para o dia 15.

«Foi bastante produtivo. Depois de fazermos uma avaliação pessoal de como os jogadores chegaram, podemos ver uma evolução significativa. Posso dar como os exemplos dos casos de Paulo Ferreira, do Ricardo Carvalho ou do Deco. São só exemplos do trabalho que se desenvolveu e que já se pôde ver, com os jogadores com um ritmo e agressividade de jogo ao nível dos que jogaram mais», começou por destacar.

O treinador anunciou depois o início de uma segunda etapa, já no palco do Mundial. «Cumprida esta etapa, vamos chegar à África dos sul, adaptarmo-nos à nova atmosfera e começar uma etapa completamente diferentes que é a de preparação e a melhoria de todos os detalhes, a constituição de uma equipa final, a análise pormenorizada do primeiro adversário», acrescentou, referindo que tem recebido informações diárias sobre a Costa do Marfim.

Num balanço geral, Carlos Queiroz manifestou-se, assim, satisfeito com o que foi conseguido no estágio da Covilhã, enaltecendo o esforço e a dedicação dos jogadores. «Foi fácil porque com os profissionais fantásticos que temos é mais fácil trabalhar. Estou muito satisfeito e muito orgulhoso. Quando tomei a decisão de trazer estes 23 [originalmente 24, com Zé Castro] tinha toda a confiança e a certeza que era o grupo de trabalho certo para preparáramos esta competição. Hoje essa confiança elevou-se a um patamar diferente. O comportamento e empenho dos jogadores tem sido fantástico, sem competição entre eles, mas com um enorme respeito uns pelos outros», referiu.

Deco tem registado uma evolução notável e, neste sábado, voltou a encantar quem seguiu o treino realizado em Massamá, com uma exibição de bom nível. «Não estou surpreendido, só pode surpreender aqueles que acham que a vida é feita de passos de mágica. Tudo resulta de trabalho, aplicação e de tempo. Naturalmente se um jogador é afectado por uma lesão, não pode treinar. Mas quando está bem, o trabalho vem ao de cima. Uma coisa é treinar dois dias, outras cinco, outras dez. Todos os jogadores estão a demonstrar essa aplicação e a vontade que têm de servir a selecção está sempre presente, mas às vezes não é possível. Está ai a prova. O Cristiano, o Simão, o Nani, todos aqueles que estavam com muitos minutos nas pernas, tiveram de intensificar o treino e os resultados estão à vista», contou.

Além do crescimento, em termos físicos dos jogadores, Queiroz nota também uma maior empatia com os adeptos. Pelo menos, com a maioria. «Há uns que estão, a grande maioria está com a selecção. Alguns poderão ter hesitações e há aqueles que nunca estão. Aconteça o que acontecer, nunca estão. A teoria dos Velhos do Restelo não fui eu que criei, vem do tempo dos Adamastores. Aqueles que não querem estar que não estejam, respeitamos isso. Não há problema. Temos a maioria que está connosco. Temos milhões de emigrantes que sabem o que é sofrer, temos milhões em Portugal. A selecção não é só meia dúzia de figuras», comentou.

Portugal tem treinado sob temperaturas elevadas, mas na África do Sul vai encontrar um ambiente bem mais frio. «Pensamos, pelas informações técnicas que temos, que ao fim de três/quatro dias os jogadores estarão absolutamente adaptados. Como vamos fazer os treinos nas zonas do dia mais quentes, vai ser mais fácil. O jogo com Moçambique [no dia 8 em Joanesburgo] faz parte desse plano de adaptação. Dia nove vamos estar preparados para treinar em pleno, sem problemas», comentou.