Chegam os quartos-de-final da Liga dos Campeões com embates de sonho entre oito das principais equipas do futebol mundial. Um escaldante Barcelona-Atlético Madrid muito provavelmente sem Diego Costa (que se lesionou no último treino), um imprevisível Manchester United-Bayern Munique, um elétrico Paris Saint-Germain-Chelsea e um desnivelado Real Madrid-Borussia Dortmund.

As atenções vão estar divididas em dois dias, sendo que já nesta terça-feira o Barça recebe o Atlético para o primeiro dos duelos entre os dois líderes da Liga espanhola, e Old Trafford será o palco para o reencontro entre o Manchester United e o Bayern Munique. Para quarta-feira a grande atenção vai para a deslocação do Chelsea de Mourinho a Paris, enquanto o Real Madrid recebe um muito fragilidade Borussia Dortmund.

1. MANCHESTER UNITED-BAYERN MUNIQUE, TERÇA-FEIRA (19H45)


Dois colossos do futebol europeu reencontram-se. O Bayern foi campeão cinco vezes e o United três, mas enquanto os alemães são os detentores do título e apresentam-se como uma das equipas mais fortes do momento, os ingleses atravessam uma crise profunda após a saída de Alex Ferguson, apesar de na presente edição ter vencido todos os jogos em casa.

A equipa de Javier Guardiola regressa à cidade de Manchester, depois de na fase de grupos ter ido ao estádio do City vencer por 3-1. Nos oitavos-de-final voltou a Inglaterra para derrotar o Arsenal por 2-0 e não nos podemos esquecer que na época passada conquistaram o título precisamente em solo britânico, mais concretamente no estádio de Wembley. Ao contrário do passado, estes ares parecem ser bem agradáveis para os germânicos.

Para além disso, Guardiola venceu as suas duas Ligas dos Campeões em Barcelona precisamente contra o Manchester United: em 2009, em Roma, vencendo por 2-0; em 2011, em Wembley, por 3-1. Como jogador já tinha conquistado o troféu em 1992 quando os catalães derrotaram a Sampdoria.

Mas, na memória de todos perdura o desafio histórico entre as duas equipas em 1999, na final de Nou Camp, quando a equipa de Alex Ferguson conquistou o troféu apontando os golos da vitória nos instantes finais do encontro. Ainda assim, o Bayern venceu na última vez que encontrou o Man United nesta fase da competição, na época de 2009/10: 2-1 na primeira mão e 3-2 na segunda.

Para David Moyes, que vê a Liga dos Campeões como salvação da época, «esta é uma boa competição» e encara o embate com o Bayern como «o teste final». «Vamos para o jogo sabendo que num dia bom, somos tão bons quanto qualquer outro. Temos de demonstrar isso mais vezes mas tenho grande confiança nos jogadores. Disse-o no primeiro dia e isso ainda não mudou», explicou o técnico em conferência de imprensa.

Para Guardiola não há dúvidas que será uma eliminatória entusiasmante: «Vamos um dos clubes mais importantes do mundo, independentemente da sua situação actual. Basta olhar para trás nos últimos 10-15 anos sob o comando de Sir Alex. É uma grande honra para mim estar aqui novamente em Manchester - a última vez foi há 20 anos. Mas, no final do dia, espero que possamos ter um bom desempenho».

Os alemães partiram para Inglaterra sem o lateral-esquerdo Diego Contento, devido a uma lesão contraída no último treino, para além de Thiago Alcântara, após ter sofrido uma rotura parcial do ligamento medial colateral.

A expetativa é grande, como manifestou Rio Ferdinand no twitter


<script async="" src="//platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>

2. BARCELONA-ATLÉTICO MADRID, TERÇA-FEIRA (19H45)


O Atlético Madrid vive um dos momentos mais altos da sua história e sente que pode chegar mais longe. Líder em Espanha, prepara-se para defrontar o Barcelona menos letal dos últimos anos. Um clássico de Espanha que passa agora a preencher as atenções da Liga dos Campeões.

Dois treinadores argentinos frente-a-frente, com estilos muito próprios e a certeza da luta pelo resultado até ao último minutos. O Atlético de Simeone contra o Barça de Martino, um novo cenário para confrontos renovados, dado que foram adversários em campo quando jogavam no seu país (Simeone sempre pelo Vélez Sarsfield e Tata sempre pelo Newell’s Old Boys), com expulsões à mistura. Em Junho de 2005, Simeone fez um golo do Racing Club de Avellaneda no empate 2-2 com o CA Cólon, então treinado por Martino. Em janeiro deste ano empataram 0-0 no Vicente Calderón, na 19ª jornada da Liga espanhola. A última eliminatória a duas mãos disputada entre as duas equipas ocorreu esta época, em agosto, na SuperTaça de Espanha, com o campeão Barcelona a bater o detentor da Taça, Atlético, com um empate em Madrid (1-1) e 0-0 em Camp Nou.

Simeone não esconde que será uma eliminatória especial: «Tal como já havia dito, vamos ter dois treinadores argentinos nas meias-finais. O Gerardo Martino e eu fazemos sempre o que o clube nos pede. O Martino está num grande clube, que tem tido grande sucesso. No Atlético mantivemos a personalidade do clube e acho que não posso adicionar um toque argentino a isso. Acho que o jogo de amanhã é o mais difícil de todas as partidas com o Barcelona. Eles vão querer resolver o embate amanhã e não esperar pela segunda mão. Mas vamos ter que dar o máximo de nossas possibilidades».

Martino não deixa de elogiar o opositor, mas acredita que o mais importante é não sofrer golos. «O Atlético tem vindo a fazer grandes coisas nesta temporada e fez também na época passada. Mantêm-se em provas em duas competições e parecem muito confiantes e fortes. Nos três jogos contra eles, provaram ser um adversário muito difícil. Temos de vencer sem sofrer golos, isso é básico quando existe uma segunda mão. A primeira coisa a fazer é vencer pois assim a responsabilidade passará para o nosso adversário. É preciso ser-se bravo para jogar da forma que o fazemos, pelo que posso assegurar-lhe que amanhã vamos ser bravos, garantidamente», frisou.

Dani Alves partilha o espírito ambicioso do treinador. «Esta equipa dá sempre tudo. Vamos tentar melhorar na defesa, como é óbvio, mas tentamos ser diferentes no resto. Queremos ser uma equipa que influencia o futebol. Foi isso que nos manteve no topo durante cinco anos. Estamos prontos para eles e espero que possamos dar um passo de gigante rumo às meias-finais.»

O brasileiro falou ainda de Diego Costa, que se lesionou no último treino do Atlético e poderá falhar o jogo. «É um jogador incrível, por causa dos golos que marca e também pela forma como trabalha», disse o lateral ainda antes da notícia, enquanto o português Tiago elogiou o seu colega: «O Diego Costa está sempre motivado, esse é o seu segredo para o sucesso, ele não vai mudar isso».


3. PARIS SAINT-GERMAIN-CHELSEA, QUARTA-FEIRA (19H45)


Parque dos Príncipes vai ser um teste duro para o Chelsea de Mourinho. O Paris Saint-Germain está a provar ser um adversário muito forte e depois de na época passada ter caído nesta fase da competição em Barcelona, esta temporada tem como objetivo chegar mais longe. Os franceses não perdem em casa nas provas da UEFA há 28 jogos (desde novembro de 2006), mas a única vez que chegaram às meias-finais da competição foi em 1994/95, sendo eliminados pelo AC Milan.

Neste regresso a Inglaterra, Mourinho persegue o recorde inédito de se tornar o primeiro treinador a sagrar-se campeão europeu ao comando de três clubes diferentes, depois das conquistas no FC Porto e no Chelsea. Curiosamente, o primeiro jogo europeu do técnico português pelos blues foi precisamente contra o PSG, em 2004 (vitória por 3-0).

Mas o dado mais picante será o reencontro com Zlatan Ibrahimović, com quem trabalhou no Inter de Milão. O sueco está imparável e depois de ter ficado afastado do Campeonato do Mundo pretende conquistar títulos que lhe dêem outro tipo de reconhecimento internacional.

Para os franceses o jogador mais temido é Eden Hazard, ex-jogador do Lille e por isso habituado aos confrontos com a equipa da capital. Nos nove jogos que fez com o PSG o belga só perdeu uma vez e para Alex é claramente um adversário a temer: «É um jogador muito bom, que nos vai obrigar a dar atenção redobrada ao nosso flanco direito».


4. REAL MADRID-BORUSSIA DORTMUND, QUARTA-FEIRA (19H45)


É muito provavelmente o jogo mais desequilibrado destes quartos-de-final, com os espanhóis a receberem uma equipa alemã muito desfalcada, uma sombra daquela que chegou à final na temporada passada depois de eliminar o Real Madrid de José Mourinho na meia-final.

«Com a nossa lista de lesões, não há dúvida de que somos os menos favoritos, a equipa Cinderela», disse Jurgen Klopp em entrevista ao jornal Marca, não atirando a toalha ao chão: «Mas sempre disse que não temos de ser a melhor equipa do mundo para bater o melhor do mundo num determinado jogo. Iremos ao Bernabéu em busca de um bom resultado para levar no regresso a Dortmund para a segunda mão. Que ninguém se esqueça, nós nunca desistimos».

Carlo Ancelotti está avisado e confiante «Na minha carreira de treinador nunca orientei uma equipa com tanta qualidade em todas as posições. Há um grande nível de profissionalismo aqui e é tão fácil trabalhar com jogadores cientes de que no futebol moderno, o talento, só, não é suficiente para permanecer no topo», frisou, comentando o tal sonho de conquistar a décima: «Eu sei que todos aqui sonham com isso, mas também estamos em terceiro lugar no campeonato, pelo que penso que devemos perseguir os nossos alvos».

O Real Madrid está pela quarta época consecutiva nos quartos-de-final e foi eliminado nas meias-finais nas três últimas temporadas. Atravessa uma fase complicada na Liga espanhola, tendo perdido a liderança, mas na Liga dos Campeões a história deverá ser bem diferente.

O Borussia, por seu lado, apresenta-se em Espanha sem a sua coluna vertebral devido à ausência do médio Gundogan, do lateral-esquerdo Schmelzer, do central Subotic e dos médios Blaszcykowski e Bender, todos por lesão. Para além disso Lewandowski está castigado.