Entre a meia centena de portugueses que faz carreira no futebol do Chipre, o Maisfutebol nomeou dois espiões com enquadramento privilegiado. O adversário de Portugal convocou 7 jogadores do Omonia e 6 de APOEL de Nicósia.

Edgar Marcelino passou pelo Omonia e Hélio Pinto joga no APOEL. Bruno Aguiar, o único luso a alinhar na equipa que mais abastece a selecção, está impedido de falar. O médio explicou-nos isso mesmo, de forma delicada.

«O Omonia é um clube muito complicado. Até contratou os melhores jogadores cipriotas só para satisfazer os adeptos. Estive lá e quis sair, por causa das confusões. Aliás, aqui não há muito profissionalismo, nos dirigentes e treinadores», desabafa Edgar Marcelino, actualmente no APOP. Hélio Pinto assina por baixo.

«Konstantinou não se mexe»

Entre estes dois clubes forma-se o núcleo duro da selecção que vai defrontar Portugal, nesta sexta-feira. Michalis Konstantinou é a referência ofensiva, o mais reputado entre os cipriotas, apesar do cansaço provocado pelos 32 anos. «Parece o Jardel dos tempos do Sporting. Mas mesmo assim, o Jardel resolvia, nessa altura. O Konstantinou não se mexe, não sei se aguenta 60 minutos, mas tem experiência, claro», diz Marcelino.

Hélio Pinto garante que os cipriotas fizeram poucas perguntas sobre Portugal. «Eles sabem tudo, conhecem os jogadores todos. Só brincámos no balneário com o nosso lateral, a dizer-lhe que ia levar com o Ronaldo, ele ficou assustado. Mas afinal não», diz o médio, entre gargalhadas. Marios Elia e Savvas Poursaitides, seus colegas de equipa, são os laterais do Chipre.

«O Constantinos Charalambides é o capitão do APOEL, é um 10 com qualidade e bate bem livres. Mas, no geral, com a qualidade que Portugal tem, dá para ganhar. O Chipre é mais forte em casa, no ano passado surpreendeu a Itália, mas fora são acessíveis. Se Portugal mantiver a concentração e não relaxar, vence», sentencia Hélio Pinto, formado no Benfica.

«Não se comparam aos portugueses»

«O futebol no Chipre tem melhorado nos últimos anos, com a presença dos estrangeiros, se bem que nem todos têm qualidade. Ainda assim, o talento dos jogadores do Chipre não se compara aos portugueses. A selecção tem jogadores rápidos, essencialmente isso, mas são limitados no aspecto táctico e o pior é mesmo a defesa», garante Edgar Marcelino.

O extremo, formado no Sporting, consegue apenas elogiar, de forma natural, um jogador do Chipre. «Para mim, Georgios Efrem é o jogador que tem mais qualidade, porque passou pelas escolas do Arsenal», conclui Marcelino.

Hélio fica, Marcelino pensa sair

Hélio Pinto foi um dos primeiros portugueses a chegar ao Chipre. Hoje em dia, são mais de cinquenta. O médio ofensivo, actualmente com 26 anos, sente-se feliz no APOEL de Nicósia. «Nos últimos tempos, sempre que saio à rua, encontro um português ou um brasileiro. Foi o que mudou desde que cheguei, ao início éramos poucos. Estou bem aqui e quero ficar onde me sinto bem», diz ao Maisfutebol.

Edgar Marcelino sente o oposto. Ficou marcado pela passagem amarga pelo Omonia, esteve seis meses em Espanha mas voltou ao Chipre no ano passado, para jogar pelo APOP. Uma lesão grave adiou a concretização do desejo: sair. «Agora penso recuperar e ver o que surge em Janeiro. Podia ter ido para o Rapid de Viena, mas fiz uma rotura e comecei apenas a treinar agora. Voltar a Portugal? Até prescindia do dinheiro, mas apostam pouco nos portugueses. Voltar para perder desportiva e financeiramente, não», remata o extremo de 25 anos.