A diretora-executiva da Liga Portugal apresentou esta quinta-feira o plano para o regresso gradual do público aos estádios de futebol.

«A ocupação de 10 por cento do estádio era a nossa primeira proposta. Já este fim de semana serão mil pessoas [no Santa Clara-Gil Vicente]. Uma segunda fase, com 2.500 pessoas sem ocupar mais de 20 por cento do estádio. E uma terceira fase, ainda no âmbito dos jogos teste, com 5 mil pessoas sem ultrapassar uma ocupação de 30 por cento dos estádios», afirmou Sónia Carneiro numa conferência sobre o impacto da covid-19 no futebol profissional.

«Temos de fazer este teste com os adeptos dos clubes para que haja a forma correta de perceber como chegar aos estádios, circuitos e sinalética que temos de utilizar e incutir nas pessoas que têm obrigatoriamente de estar de máscara. Todos os lugares dos estádios estarão identificados com filas e números de cadeiras e haverá controlo da bilhética, com a lotação do estádio e número de cadeiras disponíveis», justificou, anunciando o lançamento de campanhas de sensibilização dirigidas aos adeptos.

Estas linhas foram gizadas para serem aplicadas ainda numa fase de testes-piloto e da qual se pretende que se evolua posteriormente para uma luz verde permanente para a abertura em segurança dos estádios ao público. «O objetivo é conseguirmos depois a ocupação de pelo menos 30 por cento das bancadas e pelo menos 50 por cento em hospitalidade e corporate», frisou a diretora da Liga, que sublinhou a importância desse passo para a sustentabilidade do futebol português.

«Se continuarmos a impedir as pessoas de ir aos estádios, e os miúdos de 15, 16 ou 17 anos, corremos o risco de começar a perder este público. (...) Sentimos que podemos fazer estes testes e que vamos fazê-los com sucesso, porque falámos com colegas de outras ligas que já experimentaram e conseguiram mostrar um comportamento adequado do público. As boas práticas internacionais poderão ser utilizadas por nós.»

A diretora-executiva da Liga alertou ainda para os brutais impactos económicos que uma paragem do futebol profissional, entretanto evitada, teria na indústria. «O cancelamento de competições implica em termos globais um rombo mínimo de 350 milhões nos rendimentos, o que é impensável», apontou, considerando que os clubes têm estado a dar um bom exemplo e que não podem ser penalizados por testarem mais do que os restantes setores de atividade económica.

Nesta altura, cumpridas duas jornadas da Liga e quatro da II Liga, já foram realizados mais de 10 mil testes, face aos cerca de 18 mil feitos na reta final da época passada no principal escalão do futebol português. Tudo para garantir a chamada «bolha limpa», um conceito que se pretende agora ver-se aplicado também com a permissão de acesso de público aos jogos, como frisou Filipe Froes, pneumologista e consultor da Liga para a covid-19.

«Solicitamos uma espécie de benefício da dúvida, porque passámos no teste inicial da prova de conceito da retoma do futebol. E fazemos o desafio para criar condições para que haja assistência nos estádios. Através deste conceito de bolha limpa para a retoma, queremos criar uma bolha o mais limpa possível para criar condições para ter assistência nos estádios», disse.