O director-executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Cunha Leal, chamou nesta quarta-feira os jornalistas à sede do organismo, no Porto, para rebater as mais recentes críticas do Gil Vicente, que acusou o dirigente de ingerências no «caso Mateus». Recordando as suas movimentações passo a passo, Cunha Leal garantiu que não esteve na reunião da Comissão Disciplinar em Lisboa, a 1 de Junho, quinta-feira, (onde foi tomada uma primeira decisão que motivaria a despromoção do Gil Vicente), responsabilizando-se apenas pelo transporte da deliberação da CD na capital para o Porto, na segunda-feira seguinte.
«O presidente do Gil Vicente disse que eu tinha estado nessa reunião em Lisboa, a 1 de Junho, e que teria inclusive ido jantar com os membros da CD para comemorar a vitória de um clube no processo. Isso é uma inventona, que revela alguma perturbação. Essa reunião teve lugar nas instalações da Desporto Seguro. À mesma hora, eu estava no Porto, na Liga, onde passei todo o dia. Não esteve ninguém da Comissão Executiva da Liga nessa reunião. Esteve no edifício um membro, António Duarte, que tem um cargo na Desporto Seguro, e outro, António Duarte, que foi almoçar com ele e depois passou pelas instalações. Nada mais que isso», contou o director-executivo da Liga de clubes.
Cunha Leal confirma apenas o transporte da deliberação da Comissão Disciplinar de Lisboa para o Porto, no dia 5, segunda-feira. «O secretário, os membros e o presidente da CD ligaram-me, e ligaram para a Liga, a perguntar se por acaso eu não viajaria de Lisboa para o Porto na segunda-feira, por ser urgente entregar em mãos algumas deliberações. De facto, tinha de fazer essa viagem, portanto transportei deliberação da CD, mas não estive na reunião de Lisboa, reafirmo. Trouxe um envelope fechado que entreguei ao secretário do órgão. Mais nada», relatou.
Reafirmando não ter qualquer influência nos contornos do «caso Mateus», o dirigente prestou-se assim a esclarecer o processo de inscrição do jogador por parte do Gil Vicente, que o contratara ao Lixa, da II Divisão: «O Gil Vicente reuniu com a Comissão Executiva para saber se, à luz dos regulamentos, seria possível inscrever o jogador Mateus. Aliás, a 29 de Dezembro, o Paços de Ferreira fez a mesma coisa, através de uma consulta escrita, pedindo informações sobre a inscrição de atletas nas mesmas condições. Foi dita a mesma coisa aos dois clubes: pela nossa interpretação dos regulamentos, isso não seria viável. A partir daí, a decisão de seguir com o processo compete a cada um.»
«Inicialmente, o Tribunal de Braga indeferiu o pedido do Gil Vicente. Mais tarde, o Tribunal do Porto decretou de forma provisória a possibilidade de utilização do jogador Mateus. Esse mesmo Tribunal viria, depois, a ordenar o cancelamento da inscrição. A Federação Portuguesa de Futebol comunicou-nos, a 3 de Março, que tinha cancelado o registo do contrato do atleta», concluiu Cunha Leal, descartando quaisquer responsabilidades e mostrando-se ofendido pelas críticas do presidente do Gil Vicente: «Reconheço a todos os clubes o direito de contestar as minhas decisões, mas não posso aceitar que seja colocada em causa, de forma delirante, a minha honra e a minha dignidade. Acção judicial? Vamos ver o que vai acontecer¿»