Chegou a Coimbra pela mão do irmão mais velho, Ousmane N¿ Doye, e já começou a provar que a qualidade do seu futebol é um dom de família. Dame N¿Doye, de apenas 21 anos, agarrou a titularidade na equipa de Manuel Machado ¿ já leva três jogos consecutivos como primeira opção ¿ e, no último fim-de-semana, abriu caminho à vitória sobre o Estrela da Amadora, com mais um golo, o segundo da sua contabilidade pessoal esta época. E, ainda esta quarta-feira apontou o golo da vitória dos «estudantes» no particular com o Pampilhosa. Nada mau para primeira experiência europeia deste jovem senegalês, que já foi revelação do ano no seu país e tem como ídolo o argentino Riquelme.
Extremamente tímido, é difícil arrancar-lhe mais do que três ou quatro palavras de cada vez, mesmo em francês. «Estou a gostar muito de jogar em Portugal. O meu irmão disse-me maravilhas da cidade e do clube. Foi fácil convencer-me a trocar o Qatar [jogava no Al Sadd] por Coimbra. Tenho sido bem tratado e as pessoas são extremamente simpáticas», refere o médio/avançado da Académica, que fica embaraçado quando lhe perguntam qual é, afinal, o seu lugar dentro de campo: «Nem eu sei em que posição jogo. Já fiz de tudo no meio-campo e na frente.» Apesar da polivalência, diz-se mais à-vontade como número 10, funções que tem desempenhado predominantemente na Briosa.
Dame vem de uma família «normal», como lhe chama, na qual todos os rapazes (três) jogam futebol, embora apenas ele e o irmão Ousmane ¿ emprestado esta época pelos «estudantes» aos sauditas do Al Shabab ¿ tenham conseguido tornar-se profissionais. «Nunca fiz outra coisa na vida. Quando deixei a escola, passei a dedicar-me exclusivamente ao meu desporto favorito», conta o jovem africano, confesso admirador de Riquelme, de quem gostaria de seguir as pisadas: «[risos] Por que não? Nunca se sabe¿»
Por enquanto, vai escutando os conselhos do mano mais velho (sete anos), que lhe liga constantemente para saber novidades. «Falamos bastante. Aproveito para o pôr ao corrente da vida do clube e das minhas proezas, como o último golo que marquei. Ele gosta muito de Coimbra e teve pena de sair», conta, a propósito do grande responsável pela profissão que hoje exerce.
Da adaptação à Europa e, em particular, ao estilo de jogo praticado em Portugal, Dame não tem queixas a fazer. Apesar de novo, habitou-se desde cedo a viajar e treinou-se várias vezes à experiência em clubes franceses. «Conheço o meio e, por isso, não estou a ter problemas, apesar de reconhecer que vim encontrar uma realidade completamente diferente, para melhor, em relação ao Qatar e a África», admite, recordando os tempos em que, no Senegal, de quando em vez, era preciso retirar as¿ galinhas ou pombos do relvado antes de iniciar a partida. E isso sem contar com a possibilidade de haver invasão de campo se as coisas não estivessem a correr bem ao clube local¿