Na história do futebol português há um português que foi comparado a Johan Cuijff. Pormenor importante: a comparação veio do próprio Cruijff.

O nome dele é Dani.

«É verdade, o Cruijff estava a comentar um jogo do Ajax para a televisão, foi um jogo da Liga dos Campeões, e disse que eu lhe fazia lembrar ele próprio. Disse que era parecido com ele na forma como eu jogava, como corria, como driblava, até pelo facto de sermos ambos altos e magrinhos», contou Dani ao Maisfutebol.

«A partir daí as pessoas passaram a relacionar-nos.»

As semelhanças eram tantas que Dani passou até a utilizar a camisola 14 a partir da segunda temporada no Ajax. Ora a camisola 14 que foi eternizada para sempre pelo próprio Cruijff, tanto no Ajax, como no Barcelona e na seleção da Holanda.

«O que é curioso é que comecei a utilizar a camisola 14 a pedido do próprio Cruijff. Foi ele que recomendou ao clube que me entregasse a camisola 14», refere.

«Hoje a camisola 14 do Ajax já foi retirada. Não sei se fui o último jogador a utilizá-la, mas pelo menos fui o último a utilizá-la com um significado.»

Ora por tudo isto, no dia em que Cruijff morreu, Dani diz que lhe faltam as palavras para falar da antiga estrela do futebol mundial. Foi um génio, que marcou o futebol para sempre. Percebeu-o aliás em várias conversas que teve com ele.

«Não há palavras. Estou muito sensibilizado, muito sentido com esta perda. Sabia que ele estava muito doente, mas é sempre difícil. Foi um visionário, um homem que via as coisas acontecerem muito antes de todos os outros treinadores», confessou.

«Tive a sorte de conversar várias vezes com ele, em alturas em que nos encontrávamos em Amesterdão, pudemos trocar ideias, conversar e sobretudo pude aprender muitas coisas come ele, sobre o futebol e sobre a vida. Isso é algo inigualável. Recordo a forma como ele falava de futebol, como identificava pormenores no jogo, como via coisas que só passados muitos anos ouvi o resto do futebol começar a falar.»

Por tudo isso Dani não tem dúvidas de que o futebol mudou com Johan Cruijff. O holandês foi fundamental até na máquina que se tornou o Barcelona dos últimos anos.

«O que o Pep Guardiola faz nos treinos tem muito de Cruijff, que por sua vez já tinha muito de Rinnus Michels. Mas o Michels era muito rigoroso, muito austero, depois o Cruijff deu-lhe mais perfume, embelezou o 4x3x3 acrescentando ao futebol algo que para ele é fundamental: o inesperado. Ele conseguiu acrescentar ao rigor de Michels o que ele foi enquanto jogador: a qualidade, a irreverência, o atrevimento.»