O FC Porto foi goleado por uma boa equipa espanhola (só isso), saiu envergonhado da Liga Europa e nada aconteceu. Hoje em dia, no Dragão, perder tornou-se inesperadamente normal. Parece que já nem custa.

É este o estado do FC Porto: perder já não é assim uma notícia tão grande.

Na Liga luta pelo terceiro lugar com o Estoril.

Disse adeus à Liga Europa, sem brilho.

Vai à Luz na quarta-feira tentar a final da Taça de Portugal e um dia destes terá de discutir com o mesmo adversário a Taça da Liga.

Na última jornada da Liga precisará de se preocupar em fazer um papel digno na receção ao Benfica, mais do que provável campeão.

Este é o pior FC Porto de que os mais novos se recordarão. O que diz bastante sobre a qualidade do trabalho realizado nas últimas décadas, mas também muito sobre o que está a acontecer em 2013/14.

A derrota em Sevilha (uma equipa que tem Daniel Carriço no meio-campo...) foi um dos piores momentos da época. Por causa do resultado, claro, mas sobretudo pela incapacidade da equipa. Aquele FC Porto está tão distante da equipa que foi presença quase constante na Liga dos Campeões que torna-se necessário olhar bem para o emblema e confirmar que não nos enganámos no jogo.

Este FC Porto, como disse o treinador no final, é uma equipa que se deixa abater por uma grande penalidade. Mesmo que desse penálti resulte apenas o empate na eliminatória!

Este FC Porto é fraco. No fundo, foi isso que Luís Castro disse (e não era preciso, já tínhamos lá chegado).

Este FC Porto raramente conseguiu, na temporada 2013/14, convencer-nos de que se trata de um grupo coesa. Não é e agora que passaram semanas desde o despedimento de Paulo Fonseca começa a fazer sentido procurar os verdadeiros responsáveis e motivos.

Claro que Paulo Fonseca tomou decisões erradas, sim. Mas, como está à vista, a questão é mais profunda do que isso. Como as pessoas que vivem no Dragão sabem.

Em Sevilha, por exemplo, a defesa do FC Porto tinha média de idades pouco superior a 22 anos. Alex Sandro, com 23 anos feitos em janeiro, era o mais experiente. Salvo seja. Mangala, por exemplo, confessou que os jogadores ficaram « nervosos» (?!) assim que o Sevilha marcou.

À frente da defesa, que acumula erros e posicionamentos deficientes, Luís Castro colocou Defour, Herrera e Carlos Eduardo. O belga tem experiência, sim, mas nunca conseguiu convencer os diversos treinadores portistas de que merecia o inequívoco estatuto de titular. 

Na frente, sem Jackson, o ponta-de-lança foi Ghilas, durante meses ignorado.

O plantel do FC Porto é desequilibrado. Foi mal construído e possui escassas soluções em posições fundamentais. Tudo piorou quando o clube permitiu que Lucho saísse sem que a situação de Fernando estivesse estabilizada. E a seguir a ele Otamendi, por troca com Abdoulaye (não são necessários comentários...).

Na prática, o FC Porto é muito mais frágil do que o Benfica no centro da defesa. Tem menos opções credíveis no meio-campo e possui apenas um avançado de grande qualidade, Jackson. Fora o resto.

Claro que apesar dos problemas, se puder dispor de todos os jogadores o FC Porto é capaz de construir um onze que consiga bater-se com o Benfica. Mas para uma época e quatro competições é curto, muito curto.

Para 2014/15, o FC Porto precisa de estabilizar a famosa estrutura e serenar a vida interna. Depois necessitará do treinador certo e de jogadores mais experientes e fortes, que não se deixem abanar por uma grande penalidade. Jogadores, enfim, para quem perder se assemelhe ao fim do mundo.